25.2.08

Meu Querido Diário...


Fim de semana agitado! Não quero transformar o blog no MEU QUERIDO DIÁRIO VIRTUAL, mesmo parecendo que sim. Nunca tive muito saco de ficar contando os fatos do dia, um a um, nem mesmo para os namorados. Já viu casal mais chato que fica passando em revista os "fatos que marcaram o" dia? Só para citar um pedaço do slogan da Retrospectiva de fim de ano da Globo. Day after day, a criatura conta que escovou os dentes com a pasta sabor menta, que colocou aquele tubinho em tom pastel para ir para o escritório e lá chegando, deu de cara com a perua do sétimo andar, mulher nojenta! Que o chefe é um carrasco e agora anda num esquema de perseguição absurdo! Já posso ver a mocinha dizendo:

- Amor, tenho uma novidade: fiz a unha! Pintei de Maçã do Amor com rebu (??????!!!). Tudo com rebu fica bárbaro! (heim!?) Depois do expediente vou na depiladora, fazer virilha cavada (ah, virilha...). Comprei um creme umectante (ume o que?!), que é tudo nessa vida! Vou fazer peeling de cristal (cristal? Deve ser caro!), então nada de praia nesse fim de semana (tudo bem, vou jogar bola com os amigos). (E o sujeito fica ouvindo essa conversa e pensando, sem entender muito bem o tipo de código usado pelas mulheres de hoje. Ele apenas concorda placidamente, desde que a verba para tal "investimento" não esteja saindo do bolso dele).

Virilha cavada?! Estou fora desse tipo de comentário por aqui! Porém, é quase irresistível não passar o meu fim de semana em revista. Três coisas me marcaram muito e em quase todas elas tem uma historinha como pano de fundo. Vamos ao filé sem fritas!


Sexta-feira fui fazer um programinha tão básico, que há muito não me convidavam: comer um cachorro-quente. O local escolhido pelos amigos fez a diferença: o Mirante do Pasmado, que dá vista para a enseada de Botafogo. Wow! O Rio é lindo demais! Delícia das delícias é estar com quem se gosta, falando besteira e rindo até do anoitecer. Tudo vira festa! Tudo ganha um tom onírico, funciona em slow motion, te transpõe para uma outra dimensão da realidade. Conhecer e se dar a conhecer, isso é que muitas vezes o tempo nos rouba. Porém, quando temos a chance de fazer tudo, sem fazer nada, podemos ter a certeza de que vivemos um momento especial. Venho praticando esses momentos com mais freqüência, com o mesmo grupo de pessoas: o dolce far niente. Fim de noite especial.



Sábado chegou. Dia de lagartixar em casa. Meu único exercício foi trocar a cama pelo sofá e o sofá pela cama. Sem parar, sem parar! Num ritmo frenético de baiano depois que come vatapá, caruru e sarapatel na mesma refeição. Isso me deu uma lombeira. Estava vendo um filminho lindo, estilo sessão da tarde, quando começou a chover com uma força incrível. O barulho me chamou a atenção, fui até a janela e vi um rapazote absolutamente encharcado, correndo com os braços para cima, na maior alegria. Li uma crônica do Maneco (sempre ele, o mais querido) que dizia que uma lembrança puxava a outra. Quando olhei para o rapazote encharcado, imediatamente lembrei de uma cena incrível da minha infância. Morava em um bairro da classe média-baixa, onde todos os vizinhos “se freqüentavam”, vamos colocar dessa forma. No segundo andar, tinha o Sr. Raimundo, que era retirante nordestino e já tinha passado por muitas dificuldades com a “secura” da região onde morava. Toda vez que chovia, Sr. Raimundo colocava um short, um tênis e descia para correr na chuva. Era uma alegria só, braços pra cima e sebo nas canelas. Toda a chuva era celebrada com a mesma euforia. E eu via a cena da janela da minha casa, sem entender a legitimidade do ato. Achava ele meio maluco; hoje vejo que a felicidade pode ser encontrada e celebrada nas pequenas coisas. Acho isso mesmo, sem ser piegas.



O Sábado passou e chegou domingo. Dia de uma dose extra de ansiedade. Há algum tempo o Mestre Honey (Se você lê com freqüência o blog sabe quem é, senão, volte até Efeito Borboleta II) me chamou para fazer um filme. A idéia era apenas atuar, mas acabei responsável pela produção do média metragem. Foram momentos deliciosos, que quase me levaram à loucura. Mas aprendi que dor & prazer andam de mãos dadas e são faces de uma mesma moeda. O filme foi feito – não terminamos as cenas, mas finalizamos as filmagens – e o Mestre Honey fez sua edição e montagem. Quando o material já estava “na lata”, como se diz no jargão cinematográfico, a minha alma entrou em angústia...e agora? Como seria me ver na tela? Como seria um filme sem final? Como foi que uma brincadeira se transformou em realidade? Quando ele disse que havia mostrado o resultado para outras pessoas, meu coração deu um salto. Só me acalmei quando ele deu o golpe de misericórdia: gostaram muito da sua atuação! Não é fofo?! Ele me chama de "prima donna" e sabe bem o monstro que está criando! Mas sabe também o quanto esse monstro é leal a seu dono. Vimos o filme juntos na companhia de parte do elenco e parte de pessoas mais que queridas. Quando apertaram o play, vi outra pessoa na tela e me alegrei por quem fui atuando e por quem sou agora: uma outra mulher, uma nova mulher.

3 comentários:

Saulo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Saulo disse...

Eu já adquiri um bom hábito há algum tempo. Todo final de semana busco fazer programinha simples, desses do tipo comer um "podrão" na rua. O melhor de todos é o "Cachorrão da Rua Violante"!! Também adoro "programas" caseiros como pipoca e DVD, como pão com ovo no final da tarde, como um carteado com os amigos, como um bate-papo até altas horas...
Bjusssssss

Bia Bomfim disse...

Aì, amiga, arranja um papel pra mim aê! Pode ser até da moça q serve o cafezinho no fundo da cena mais chulé do filme, hehehehe beijos!