23.4.08

Deve Haver Algum Sentido em Mim Que Basta


Quando pensei em fazer esse blog, demorei alguns meses para colocar aquilo que era apenas uma idéia, um desejo, em prática. Sofri quieta a humilhação de não conseguir usar da maneira correta e otimizada, como eu gostaria, as ferramentas da página que me ajudava a montar o layout da coisa. Olhava para “os lados” e não via a quem recorrer. Meti a cara. Muito do que eu consegui ser, fazer, resolver, avançar e conquistar deve-se às boas parcerias que fiz ao longo do tempo. Não por interesse, mas porque sempre consigo extrair de alguém alguma coisa boa. Distribuo tarefas de maneira oportuna e procuro envolver as pessoas na minha vida, porque atos e fatos são bons elos para ambos na contagem do tempo. Disponho e me ofereço sem reservas.

Tinha várias idéias bacanas para aplicar nesse espaço, mas esbarrava na falta de habilidade. E isso é coisa que me irrita. Detesto encontrar barreiras que sei que posso enfrentar, mas não tenho a ferramenta certa no momento exato. Aprendo truques com muita facilidade – não sou como os poodles de circo, tá? – e o novo me atrai espontaneamente. Mas, pensei, é mais producente fazer o melhor que posso, que deixar de executar uma tarefa por puro capricho estético. Resolvida essa primeira etapa de maneira, digamos, satisfatória, passei para a fase seguinte. Essa me agradou deveras. Comecei a juntar fotos, letras de música, frases que me inspiravam durante um longo período. Não como quem tem obrigação de fazer uma pesquisa para um trabalho específico, mas com o olhar atento para encontrar fontes de prazer à alma. E foi uma delícia. Hoje, ainda coleciono peças, mas com menos assiduidade e ênfase.

Depois de coletar todo o material necessário e preparar o terreno perfeito, pensei que estivesse pronta para dar início a uma fase sem fim de escrita, relatos, comentários, textos...Esqueci que sou bicho feito de inspiração e motivação. Quis acreditar na utopia de que seria capaz de eleger um tema por dia, qualquer que fosse, e que teria disposição e imaginação suficientes para dissertar a melhor história; a que me fizesse mais sentido. Não funciona bem assim. Uma série de fatores me lança e me limita.

De certa forma, a minha expectativa em relação ao blog é a mesma que muitos de nós temos no tocante à vida. Passamos tempo sendo formados, buscando referências, matutando sonhos e idéias. Absorvemos o melhor que o acaso nos oferece, guardando na alma e no coração a referência perfeita para o momento exato. Às vezes ainda acredito que continuo presa à sala de ensaios. Em outros momentos, acho que sou apenas um arauto da história dos que me cercam. Na verdade, se fosse um livro, seria um scrapbook, cheio de recortes e de momentos contados com entusiasmo em tintas coloridas. Às vezes me observo de longe, como se pudesse ler o meu passado apenas como interlocutora ou a narradora, com a distância suficiente para entender cada motivação, gesto ou expressão. Mas têm dias que preciso me enxergar de dentro para fora. Buscar essência e não referência. E geralmente faço essa viagem baseada na expectativa de outrem. E tudo o que era claro, expositivo, aberto à visitação pública, se torna tímido, delicado, casto, cândido, frágil e meio sem sentido. Tinha uma peça, da Cia de Teatro Autônomo, cujo título era: Deve Haver Algum Sentido em Mim Que Basta. ADORO esse nome. Instigante para uma mente inquieta. Minha vida é norteada por um único sentido, mas as inúmeras possibilidades me sufocam. Minhas vontades extrapolam os limites da minha mente e a realidade se faz letras. As vezes eu queria ser um filme e não um livro.

3 comentários:

Saulo disse...

Prima!! Tô pasmado!! LINDO LINDO LINDO... hoje você comeu chocolate... dá-lhe serotonina... quanta inspiração... amei!!! Lindo!! Quando comer chocolate de novo esvreve - ao menos um bilhentinho - pra mim, tá?!
Te amo

Bjusssssssssss

Bia Bomfim disse...

Amei essa frase!

Anônimo disse...

Deve haver algum sentido em mim que basta... Adorei!

Bjos