13.8.08

Final Feliz



Estava voltando de uma matéria que parecia no final do mundo. Posso exagerar dizendo que parecia, pelo menos, a fronteira final do Rio que onheço: Recreio dos Bandeirantes. Eram cinco horas da tarde e eu ainda nem havia almoçado. Abri a bolsa e me atraquei com uma barrinha de cereal amiga que jazia escondida dentro da “necessária”. É verdade, ela estava perdida ali, fora do seu quadrado, graças a Deus. Santa desorganização que me aplacou a fome em um período de pura emergência. Enquanto travava "a salvadora" entre os dentes, olhei o mar... Dia nublado, praia vazia. Cenário perfeito para me perder em pensamentos... Lembrei do Jorge, que um dia me contou que numa noite especial ganhou a lua de presente. A Andy, romântica que só, uma vez comentou na roda de amigos que um dos seus devaneios de apaixonada era justamente ganhar a lua de presente de um namorado, assim como Jorge. Juju, o pragmático, mandou logo a pérola: “a lua é de domínio público”. Bastou uma sentença para quebrar o encanto da pobre moça. Eu sorri relembrando a cena. E pensei que também sou chegada a esses tipos de manifestações de afeto. Momentos me marcam mais que objetos, mas nem sempre.


Fiquei meio irritada de imaginar o engarrafamento que pegaríamos até o nosso destino final. Minhas companheiras de aventura eram made in Sampa e reclamaram que o trânsito carioca estava igual ao da paulicéia desvairada [sei...]. Achei melhor ligar o rádio e voltar a admirar a bela vista da minha cidade [hohoho]. Não demorou muito para tocar uma música linda. Tudo bem, não gosto muito de Jorge Vercilo, mas não posso negar que Final Feliz é qualquer coisa que me tira do chão, que me rouba o ar de maneira espontânea.

Chega de fingir / Eu não tenho nada a esconder / Agora é prá valer / Haja o que houver... / Não tô nem aí / Eu não tô nem aqui / Pro que dizem / Eu quero é ser feliz / E viver prá ti...

Outra viagem instantânea no tempo e no espaço. O ano era 2004, mês de outubro. Eu fui destacada para cobrir o Círio de Nazaré – a maior manifestação/festa católica brasileira – lá em Belém do Pará. Éramos convidados da Secretaria de Turismo do Estado. O nosso grupo era formado de pessoas muito especiais, como os atores Paulo Goulart e Sérgio Viotti, Roberto Veloso ( O Bob, uma figura sensacional, irmão do Caetano e da Bethânia) e a cantora Fabiana Cozza. Foram dias incríveis, num misto de fé, turismo e companheirismo total.

Em um de nossos passeios, fomos convidados para um almoço especial na companhia do governador Simão Jatene. Um cara bacana. Depois de saborear os fortes e deliciosos quitutes da terra, Fabiana Cozza nos brindou com duas músicas. Ao saber que o governador se aventurava ao microfone, ela o chamou para dar uma palhinha. O homem foi lá para frente e cantou Final Feliz em homenagem à esposa, Ana Jatene, para quem fez uma declaração de amor belíssima e nada piegas. Ele tinha brilho nos olhos, verdade nas palavras e coragem para expor seus sentimentos em meio a tanta gente, de todo canto e todo lugar. E voltando para dentro do carro, fiquei morrendo de vontade de encontrar alguém que cantasse essa canção para mim com sentimento real em cada palavra e intenção. Por que estou falando isso? Por que estou expondo esse pedaço da minha vida? Porque sou apenas uma garota, como tantas outras garotas, pedindo que alguém especial a ame e proteja. Não preciso de outra metade, porque sou inteira, mas preciso de amor... E tenho coragem de expor meus sentimentos em meio a tanta gente, de todo canto e todo lugar.


Pode me abraçar sem medo
Pode encostar tua mão na minha...
Meu amor!
Deixa o tempo
Se arrastar sem fim
Meu amor!
Não há mal nenhum
Gostar assim
Oh! Meu bem!
Acredite no final feliz
Meu amor!
Meu amor!...
Chega de fingir
Eu não tenho nada a esconder
Agora é prá valer
Haja o que houver...
Não tô nem aí
Eu não tô nem aqui
Pro que dizem
Eu quero é ser feliz...

2 comentários:

Anônimo disse...

Aaaaaaaaaaaaaamo essa música!! Me lembro dela na voz do Adelmo Casé, no Fama (o primeiro ainda). Aquela afinação perfeita, um timbre delicioso. Nem o autor cantava tão bem. pena q ele saiu do cenário musical carioca em pouco tempo. Mas a música continua por aí, com sua vida própria. Gosto muito! beijos!

Anônimo disse...

Ai, ai, Biazinha... Essa é minha segunda vez no seu blog e eu fico de queixo caído com o jeito que você escreve. Vou lendo e imaginando. Já sou uma pessoa que gosta de pensar pouco, para não dizer o contrário, aí já viu. Também quero ganhar a lua de alguém. Também quero amar e ser amada. Talvez, no meu egoísmo, mais ser amada no momento. Acho lindo declarações de amor, serenatas na janela. Quando paro para pensar em tudo, sei que já tive muito. Mas ainda quero, e como quero. Acho que o final feliz ainda não chegou de fato. E que venha a primavera. Quem sabe hoje?