15.8.08

Melhor é Impossível - II


PARTE II

Sempre que termino de ver esse filme, me pego apaixonada pela história. No final das contas, ela nos mostra que o amor é mesmo capaz de transformar as pessoas. No meio para o final do filme, é o Jack que fala uma das frases mais bonitas de toda a história do cinema:

“You make me want to be a better man”.

[lembrem-se, esse é o meu ranking! Não valem reclamações, tá?!]. A Andy sempre me disse que era exatamente isso que ela sempre quis ser na vida de um homem. Antes, porém, ela encontrou alguém que a fez ter vontade de ser uma mulher melhor. O incentivo pode ter durado pouco, mas ela ainda busca estar melhor sempre. Eu concordo com Molière, quando ele diz que a maior ambição da mulher é despertar o amor.

Sei que acabei de citar uma das cenas mais lindas desse roteiro, mas é sobre outra que eu quero falar. Bem no fim do filme, quando ele corre até a casa da garçonete para dizer que está apaixonado por ela e eles meio que resolvem a discussão à sua maneira, Melvin a convida para caminhar pelas ruas, só que são mais de quatro da manhã e Carol não acha isso “normal”. E ele diz algo como: "seremos apenas duas pessoas que gostam de caminhar até a padaria para pegar a primeira fornada de pão bem quentinho". Ele justificou o passeio. E no amor, tem coisas que simplesmente não precisam de justificativa. A poesia no desenrolar dessa cena é extraordinária e no fim, após o beijo apoteótico, Melvin e Carol estão justamente ao lado da padaria, que acende as luzes e abre a sua porta na hora perfeita do casal entrar.




Minha dificuldade em levantar cedo já é velha conhecida aqui no Bibidebicicleta. Assim sendo, acho que as chances de eu conseguir acordar e ver a padaria abrindo seriam zero. Só que a vida nos surpreende a cada esquina. Simplesmente A-D-O-R-O quando vivo uma cena de cinema na vida real. E foi o que aconteceu! Calma que o milagre não é tão grande assim, eu explico!

Há cerca de três semanas decidi ter um fim de sábado totalmente diferente de tudo que eu já havia vivido. Soube que uns “coleguinhas” estavam indo para a quadra do Salgueiro (escola de samba) e decidi ir para lá também para conferir tudo aquilo que ouvia durante a semana em relatos deliciosos. Até bem pouco tempo, eu tinha pânico de lugar cheio de gente, irritação com barulho constante e um relógio biológico que me chamava cedo para a cama. Não naquele sábado, meu bem! Escalei o Filly, companheiro que torna sempre as maiores roubadas, nas melhores diversões, e parti. Linda com meus cachinhos dourados ao vento. O Filly passou na minha casa à uma da manhã [atrasado como sempre], mas para mim, literalmente, o dia estava apenas começando...

Depois de passado o choque de me ver na quebradeira, meus amigos me apresentaram ao universo do ziriguidum. Eu estava entregue, porque quando resolvo fazer algo, gosto de estar com o coração aberto e disponível. Claro que a minha iniciação tinha que ser no mínimo diferente, especial. Não fiquei no meio do povão, mas no camarote da presidência. Foi luxo só! Fiquei bem na parte da frente, observando tudo com muita curiosidade e fazendo altas analogias, comparações entre o sagrado e o profano. Dancei também um pouquinho, como se estivesse no alto de um carro alegórico. E principalmente: curti a bateria. Não gosto de carnaval, mas amo música bem executada. Esse era o meu maior interesse ali. O Salgueiro recebeu a bateria da Vila Isabel e da Unidos da Tijuca. No final, a Furiosa da Tijuca entrou em cena e me arrebatou lá para o meio do povo! Fiquei ao lado do palco sentindo a vibração, curtindo o momento, pulando. E tentando evoluir com meus dois pés esquerdos! "Quem não gosta de samba, bom sujeito não é!" E saí de lá com aquela sensação de Carpe Diem.



Filly me levou até em casa. Fomos caminhando pela madrugada. Coisa rara para quem mora no Rio de Janeiro hoje. Senti uma liberdade incomum. Necessária. Ficamos conversando um pouco no jardim. Praticamente uma vida passada a limpo em algumas horas. Momentos preciosos de atenção total, coração aberto, cuidado e olho no olho. O dia clareou step by step. O calor do corpo diminuiu e começamos a tremer de frio com o sereno sob nossas cabeças. Pensei na situação dos desabrigados. Mais conversa e sinto um movimento diferente do outro lado da rua. A padaria estava abrindo! E eu fiquei louca para comer um pãozinho quente, feito na primeira fornada do dia. Melhor É Impossível. Pedimos café com pão no melhor estilo mineirinho e enquanto esperávamos pela fantástica refeição, aquecíamos as mãos na bancada de vidro que abrigava os salgadinhos recém feitos. E contrariando a ordem natural das coisas, fui me deitar para uma boa “noite” de descanso, depois de tomar o café da manhã. E fiquei com vontade de fazer aquelas ditas loucuras que só fazem bem ao corpo e a alma: tomar banho de chuva, andar descalça pela grama, ver o pôr do sol nas areias da praia, deitar na rede em uma varanda cheia de vento, tomar um solzinho estirada no chão de ardósia à beira de uma piscina, caminhar por uma trilha cheia de passarinhos e flores e plantas, contar as estrelas deitada em uma pedra e em boa companhia, subir em uma árvore para comer fruta do pé. Já fiz tudo isso e foi muito bom. A vida corre e a gente acaba tendo que viver apenas com boas lembranças e não atrás de refazer doces realidades. Mas estou ai para garantir o bis de bons momentos, de coisas tão simples de se fazer. O meu tempo é hoje. Melhor É Impossível...


2 comentários:

Anne Katheryne disse...

Ai ai bunitinha demaiss essa Bibi.. rsrs... melhor impossível ;)

Saulo disse...

Minha metade emocional e nostálgica tenta me fazer acreditar que os melhores momentos são passados. Minha razão tem me ensinado que este instante pode ser o melhor... que, como diz a sapientíssima Xuxa Meneguel,... "só basta acreditar... se quiser, será!"