30.4.08


A vida tem sons / Que pra gente ouvir / Precisa aprender / A começar de novo. / É como tocar / O mesmo violão / E nele compor / Uma nova canção

28.4.08

One-O-One

Exatamente no dia 17.02.2006 dei início ao bibidebicicleta. Tive duas inspirações básicas: o blog da LêSchustoff, que infelizmente parou de escrever (o hobby dela agora é ser uma bela mamãe), e o bloWg da Marina W, jornalista das mais descoladas, que continua bombando no cyberspace. Uma me deu ênfase e a outra me garantiu a forma. Comecei o bibidebicicleta junto com uma nova etapa da minha vida. Hoje, vejo que assim como eu, o blog já é outro. Sinais dos tempos. Dos bons tempos...

Para o post 100, eu queria ter preparado uma festa! Um texto tão engraçado, a ponto de arrancar lágrimas de felicidade, ou tão sensível, capaz de arrepiar até o cabelo da alma. Nada disso aconteceu. E melhor: não me frustrou. Aprendi que a gente faz planos, mas a vida, muitas vezes, vai lá e nos surpreende com novas formas, novos contextos, novos contornos. Para o post 100, acabei encontrando um texto de Cecília Meirelles, que me encantou e seduziu.

Alguém se lembra de que forma eu comecei esse espaço aqui? Será que os que pegaram o bonde andando - graças a Deus mais e mais gente se junta à caravana Holiday, que não tem dia e nem tem hora para acabar! - tiveram a curiosidade de saber como tudo começou? No lo creo. Fui lá resgatar o texto:
"Começar é sempre difícil, mas necessário. A partir do momento em que temos o compromisso de observar o mundo, novos espaços são criados dentro de nós mesmos. O lugar que sempre habitamos, torna-se um ponto misterioso, pronto para ser desvendado. Esse blog é a minha tentativa de aumentar o meu campo de visão e passear pela cidade com a minha bicicleta... Com a velocidade necessária de quem aprecia e desfruta a paisagem.Vamos pedalar juntos?"


Existem novos espaços dentro de mim. Aos poucos, o que era medo virou coragem! E assim vou avançando, sempre acompanhada com gente que me ajuda a escrever os meus dias e fazer das minhas linhas uma verdadeira história. Depois do bibidebicicleta, a Onça deixou de ser apenas uma pessoa, para virar também um personagem. Ela sabe o quanto vale para mim. Max teve seu momento star; minha família teve um pouco de sua louca intimidade revelada; levantei a lebre dos meus queridos Esmê e Carol; botei o Jorge no seu devido lugar: no alto e com neón; contei coisas do Franitos e da Bia Bug, uma das minhas maiores incentivadoras! A Bia posta sempre um recadinho, o que me deixa feliz demais! Exaltei o valor da nova amizade com o Neo e de velhas amizades tão referenciais, com o Filly e a BetaGorda. Anne chegou para fortalecer os recadinhos, assim como a Catita, a Vevê e a Morena. Vocês não sabem o quanto a Claris comenta sobre o blog, mas é só nas rodas mais exclusivas. Ela não manda recado, ela diz. Eu, adoro, assim como as falsas reclamações da Bela, da Alinezinha e da Carneiro. Contei do Lu "denegrindo a minha imagem", do Juju dono do jipe, da Helô, das frases da Taty Loura, das viagens com a Dani Maia, das observações da Medina, da transformação do S Ruivinho, das broncas e dos grandes presentes do Mestre Honey. Amei saber que o Gui e a Lou estão sempre de olho. Falei de tanta gente, de tantos casos, de tantos encontros especiais, como aquele com a Tuna Dwek, com a Margareth Boury, e os outros tantos com Maneco... e vejo, admirada, que esse foi apenas o início! Ando buscando referências no cantinho da saudade, revisitando tanta coisa boa e redescobrindo o valor de saborear cada detalhe daquilo que já foi, mas continua vivo na memória.


Porém, ainda faltam alguns destaques no post one-o-one. O Saulo reclamou que eu nunca escrevo sobre ele (e ele sempre coloca um comentário em cada coisa que eu faço, como se estivesse me dizendo: oi, estou aqui com você!). Eu acho muito complicado escrever sobre alguém que é parte disso tudo aqui; que viveu cada momento comigo quer em palavras, quer em momentos, quer no meu pensamento e coração. Crescemos juntos como referência um para o outro e decidimos ficar sempre juntos, além do sangue que nos une. Foi uma decisão de amor, que nos aproxima. Já rimos, já choramos, já brigamos, já mordi a mão dele, ele já bateu na minha cabeça, corremos, fomos à praia, à piscina, à montanha-russa, brincamos de mobilinha, fizemos teatro - Bia de Neve e Os Dois Anões (vocês podem imaginar o que foi!), passeamos de carro, trocamos segredos e confidências inconfessáveis. Fico tranquila em saber que mesmo tendo pais bem velhinhos, sozinha eu nunca vou ficar, porque eu fui agraciada com uma outra metade de mim (que não é a metade da minha laranja, para ficar bem Fábio Jr.).


E para terminar a história, uma outra história. Estava eu chegando no meio da floresta. Nada em volta, a não ser várias fileiras de casinhas em forma de container. Tudo na cor bege. Eram os quadradinhos de habitação mais esquisitos que eu tinha visto na vida. O lugar que eu ia morar por um longo tempo. Eu, exagerada, puxava duas malas gigantes com rodinha e mais uma mala de mão. Não conseguia andar e o namorado da época estava muito preocupado com as coisas dele. Só. Do nada, um carinha louro, bem branquinho, resolveu me ajudar a cumprir aquela complicada tarefa. A decisão dele de sair da inércia e ser prestativo, a vontade de esticar a mão para quem precisa fez nascer a maior amizade que se tem notícia. Foi assim que eu e o Luke nos conhecemos. Passamos o ano inteiro em um mundo paralelo e fizemos um do outro a família de que precisávamos. Seus amigos eram meus amigos e vice-versa. Saíamos juntos muito mais do que com qualquer outra pessoa. Ele me mostrou o mundo das montanhas-russas, cantou comigo aos brados We Are The Champions dentro de um carro e eu mostrei a ele que a verdade é sempre a melhor escolha, que a pureza de coração é sempre a melhor opção, que o amor é a coisa mais digna que podemos oferecer. Eu e Luke dividimos um trabalho divertido e estressante, um
hobby, uma rotina de vida, uma caneca de French Vanilla, uma casa, um quarto, um carro e uma van. Repartimos o prato de comida e o copo de bebida; sonhos e lágrimas; gargalhadas e DVDs da Blockbuster (três vezes ao dia). Ele me viu pintar o cabelo e soltar um pum - uma única vez e foi sem querer! Ele esteve ao meu lado no dia mais difícil da minha vida...E permanece ao meu lado, a cada dia, a cada novo encontro, a cada pensamento ou troca de e-mail. Eu amo ter um amigo assim e desejo a todos que encontrem pela vida outros amores desinteressados como esse. Amores passam, mas amigo assim é para a vida toda e por toda a minha vida.

26.4.08

Post 100!


Chegamos ao CENTÉSIMO POST!

Desculpa, mas só vou fazer um texto comemorativo mais para frente, tá? É que tem dias que a gente topa com coisas tão bonitas, que fazem tanto sentido, que é impossível deixar de compartilhar. Cecilia Meirelles e Clarice Lispector muitas vezes parecem escrever para mim...

Cecília Meirelles
Sonhe

"Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância
das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante
baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.
A vida é curta,
mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre."

Soltas

* Celebrar a vida é tão fácil quando a gente faz escolhas simples. Terminei a sexta-feira comendo um cachorro-quente esperto com vários amigos divertidos no Mirante do Pasmado, um dos cartões -postais do Rio. Fui de carona com o Bruno Gagliasso. Um daqueles momentos que a gente fotografa para guardar na memória.

* Passando pela Lapa, fiquei me perguntando em qual seria a graça de tanta gente se encontrar no mesmo lugar para ficar andando pela rua, a esmo. Pior, o lugar está virando o penico público número um do Rio. Passei de carro e perdi a conta de quantos meninos estavam regando a plantinha, o poste, o tronco da árvore, o patrimônio público. Uns tinham até tecnica, uma coisa meio malabarista que certamente cabaria mal depois de uns copos a mais de cerveja...

* É impressionante como apenas a voz ou o abraço de uma pessoa pode transformar a sua vida, alterar o seu humor, recuperar ou tirar o fôlego...Gosto disso!

* Não gosto de comentar coisas de jornal aqui, mas a história do padre voador está me tirando do sério! Como eu queria que achassem esse homem sem juízo! A história toda é tão bizarra, que parece piada ou coisa de filme. Não tinha um seriado antigo que era da Freira Voadora? Eu ouço essa história e fico com aquele risinho nervoso, porque é tragi-cômico!

* Te falei que eu comecei a malhar? Espere por algumas crônicas da bibideergométrica! O mundo fitness é muito novo e um pouco assustador para mim...Tenho medo!

* Estou em uma fase de leitura compulsiva. Comecei com 1)Aos Meus Amigos, de Maria Adelaide Amaral. História linda, contada em uma forma estética bem diferente da que estou acostumada em termos de narrativa literária. Trama boa, elementos humanos tão bem desenhados psicologicamente. Por isso a minissérie Queridos Amigos foi tão bárbara! Eu amei! 2) Depois o livro Uma Vida Inventada, escrito pela Maitê Proença, simplesmente caiu nas minhas mãos. Eu tinha uma lista de livros enorme a serem consumidos na frente, mas foi irresistível. E apaixonante, devo dizer. É uma mistura corajosa de biografia e ficção. Na verdade, acho que ela pincela um pouco de ficção no final na tentativa vã de se proteger, como todo ser humano que se exppõe demais faz. É parte da nossa natureza. Vou ler outra vez, porque quero pincelar várias frases que me marcaram durante a narrativa. 3) Sem nem tomar fôlego, parti para o Vale Tudo: Tim Maia, do Nelson Motta. Tinha certeza de que não ia me decepcionar. O Tim é fera - até hoje é! A sua época de vida foi gloriosa, então, historias saborosas recheiam o pano de fundo. Sem falar que Nelsinho Motta tem uma narrativa genial, além de muito conhecimento de causa. In loco. Já tinha saboreado outra grande obra, Noites Tropicais, que entrou para a minha lista de delícias para se ter em frente ao mar, à sombra de um coqueiro. Assim como o Bruno Mazzeo mencionou em seu blog, estou lendo página por página para que o final custe a chegar. E depois dele, A Menina Que Roubava Livros me espera.

* Ontem eu li uma nota dizendo que a atriz Julia Roberts - talvez a mulher mais bem paga da meca de Hollywood - confessou que não usa desodorante. Cuma?! Seria a versão de Uma Linda e Porca Mulher?

* Mais uma vez eu fiquei me perguntando se teria fôlego para levar o blog adiante. É sempre bom reavaliar as coisas e tentar entender a funcionalidade e a razão dos trabalhos a que nos propomos. Minha amiga BetaGorda me fez entender que as palavras chegam muito além do que a nossa imaginação alcança. E se elas fazem bem a uma pessoa que seja, já vale. Daí, me deparei com uma frase linda, com a qual fecho esse post:

"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada." (ClariceLispector)

25.4.08

Nao Giro Cego


Nunca imaginei que um dia estaria aqui no blog narrando acontecimentos em tempo real. Enquanto eu escrevo, malocada em um camarim, o Bruno Gagliasso esta lá no estúdio -- praticamente a dois passos do paraíso --, fazendo uma sessão de fotos. Não gosto de ficar olhando os ensaios, morro de vergonha. Olho antes e depois, durante é apenas um passar de olhos para saber se tudo está de acordo. Acho que eles podem se constranger de ter tanta gente olhando. Mas eles, na verdade, nem ligam... estão acostumados, ossos do oficio. Eu é que não me acostumo, não tem jeito. É aquele caso típico de não saber onde colocar as mãos...

Então fui dar uma voltinha. Vi que o único computador disponível é um Mac, que eu não sei usar direito. Onde estará o acento, meu Deus? Como executo tarefas tão simples? Ah, não quero perder a oportunidade de escrever porque não domino a complexidade dessa tecnologia. Comunicar é fazer-se entender. Então, se dá para me ler, segue o jogo que a partida é dura!

Não queria falar exatamente sobre o Bruno. Aliás, um doce de pessoa, super simpático e lindo de irritar os olhos. Nos demos muito bem e trocamos altas idéias sobre a vida. E embora falar sobre um cara bacana seja irresistível, queria escrever sobre fatos da minha semana. Esse ensaio, por exemplo, é um fato que encerra com chave de ouro a dura jornada da labuta diária. Ou não é? Éeeeeeeeeeeeeeee (essa aqui é a claque das minhas colegas de trabalho).


Ontem, quinta-feira, uma coisa muito bacana me aconteceu. dias estou escrevendo no bibidebicicleta sem contar com os comentários valiosos do Luke, parceiro fiel e contribuição inteligente dos posts nossos de cada dia. Achei estranho, porque ele sempre participa ativamente da minha vida - real e virtual. Fiquei com aquilo na cabeça e segui o dia. Então, chego em casa, pós-trabalho, chutando lata na rua e babando na gravata. Sento à mesa para tomar fôlego e o telefone toca. Adivinha? Era o Luke. E não era apenas o Luke... Ele estava me ligando de Buenos Aires. Fiquei como?! Não é todo dia que a gente recebe uma ligação internacional! Coisa de pobre?! Pode até ser, mas me senti especial demais naquele momento... No dia seguinte à tal ligação, ele ia conhecer um parque de diversões que eu estive há bem pouco tempo. Antes dele, o que é um milagre, já que o cara é viciado em parques temáticos. A vida sobre os trilhos nos une com intensidade. Saber que ele estaria lá me fez muito feliz. Ainda mais porque pude dar dicas! Geralmente o contrário acontece...


E por falar em ligações, hoje recebi uma outra chamada especial. Sem esperar, assim, do nada como um espirro, o JL me ligou... Coisa muito rara! Nos últimos tempos, temos conversado cerca de duas vezes ao ano, tão somente. E se tanto! A primeira vez que nos falamos foi em 2003, se não me engano. Desde o primeiro alô, a nossa identificação foi imediata. Viramos amigos de infância, uma coisa inexplicável. Naquela época, os nossos bate-papos eram mais frequentes, coisa de uma vez por mês. Desde então, muita coisa aconteceu: ele trocou de emprego e de cidade uma penca de vezes, teve filho, o pequeno, alterou o rumo da vida, sonhou, realizou, acertou e errou... Eu também mudei bastante. Porém, toda vez que ele liga, como hoje, é como se o último papo tivesse rolado ontem e a gente simplesmente continuasse de onde parou. Seria um fato corriqueiro e desinteressante, se a frequência dessas chamadas não fosse anual. A melhor revelação, claro, deixei para o final: acredite ou não, a gente nunca se viu - face to face. Coisa de filme? Nada, é vida real! Coisa de gente muito atarefada. Sei mais de JL do que a amiga em comum que nos colocou em contato. E ele sabe muito de mim, coisas que eu vou ou não fazer em um futuro próximo, a ponto de me aconselhar! E eu adoro fazer parte dessa mágica, dessa estatística do inacreditável ou do quase real. Passamos a vida tentando nos enquadrar a certos padrões, quando na verdade, ser diferente e ser original é o que conta.

tive muita vergonha de ser como sou, de ver a vida por um ângulo diferente, de não fazer escolhas óbvias. Hoje, estou muito satisfeita com as minhas particularidades, porque elas tem um valor especial e fazem distinção à minha história. Minhas escolhas, os fatos que vivo e as coisas que aprecio são de verdade e não fruto de imposição, de cópia, de estética ou daquilo que esperam. Se faz sentido para mim - um ser dotado de inteligência e integridade (uma vez que nunca rasguei dinheiro, andei pelada pela rua, girei cego parado na esquina, botei fogo no rabo do gato) - então esta valendo. E muito! E viva as minhas complexidades! Viva!

23.4.08

Coisas de Laurinha...

Foto:Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr


Ainda sobre os causos. Gosto muito de contar histórias de família aqui. As mais incríveis, fantásticas e extraordinárias aconteceram e acontecem com a minha. Sempre tivemos o hábito de nos reunirmos em festas e viagens dos mais diferentes tipos. Assim, juntamos muitos assuntos para rir da vida e também uns dos outros. Nada de especial. Só fatos inusitados que nos destacam dos demais. Só isso. Por exemplo, já contei aqui que a minha mãe dormiu em uma lápide no cemitério. Achei que isso fosse arrancar gargalhadas, mas causou estranheza em algumas pessoas. Para nós, foi fato natural. Coisa de quem gosta de resolver os problemas no improviso, sem fazer mal a ninguém, sem perder muito tempo e, aparentemente, sem perder a compostura. Ou quase.

Da minha mãe eu sei muito pouco, basicamente o que vivemos juntas. Ainda levo uns sustos quando ela deixa escapar certas frases. Ontem, por exemplo.

Bibi – Mãe, você viu o ensaio do Roberto Pompeu de Toledo na Veja dessa semana?
Mãe – Não, sobre o que é?
Bibi – É sobre o Gabeira.
Mãe – Ah, sei, ele vai ser candidato à prefeito do Rio, não é?
Bibi – É. Qual a sua posição sobre ele?
Mãe – Ele sempre foi meio maluquete. Trabalhei com ele no jornal...

*Maluquete para a minha mãe é qualquer pessoa que destoe do lugar comum. Para ela, eu, por exemplo, sou excêntrica. Já para os meus amigos de trabalho, eu estou mais para santa. Talvez...

Eu não posso imaginar a minha mãe, retrato da candura e representante da época do recato, trabalhando ao lado do Gabeira. Há décadas ela guarda essa informação. Tudo bem, não é relevante, mas já posso imaginá-la um pouquinho mais rock’n’roll do que ela geralmente se apresenta. Bem, ela também foi contemporânea do Itamar Franco. Veja você que a coisa pode ficar pior. Eu, por exemplo, estudei com a Samara Felippo e com o Marcelo e o Vinícius Falcão, do Rappa; fiz faculdade com o Léo Jayme e com a Narcisa Tamborindeguy, dentre outras figurinhas. Fico aqui imaginando o que mais o futuro pode reservar em relação às personalidades que passaram pela minha vida no tempo de formação?Porque até agora...

Outra dela. Meu pai estava há alguns dias internado por conta de uma cirurgia. No final da internação, a solidão do quarto foi quebrada pela chegada de um companheiro de estaleiro. O cara devia ter entre 50 e 60 anos. Chegou de peito estufado, mas sem fazer muita confusão. Antes da gente chegar no quarto, ele já havia conversado com meu pai. Colocou a mala em cima da cama e ficou a olhar o local à esmo, um pouco agitado. Minha mãe, querendo ser simpática e deixar o cara mais a vontade, começou a puxar um papinho, um dedinho de prosa, como sempre faz. No quarto estavam: eu, uma amiga, o namorado da época, meu pai e ela.

Mãe – Olá senhor!
Cara – Oi!
Mãe – Qual o seu nome?
Cara – Fulano.
Mãe – Tá aqui por que?
Cara – Eu?! Vim operar a...a pro...a popopo....
Mãe – Ah, a próstata? Sei...
Ela tentou salvar o cara, mostrando intimidade e naturalidade com o assunto.
Cara – É isso, a próstata, a próstata!
E saiu voando do quarto, dizendo que ia fumar!
Meu pai, que até aquele momento estava quietinho, resolveu se manifestar.
Pai – Tá vendo?! Quis bancar a simpática, entrou pelo cano! Ele não vai operar a próstata. Vai é trocar a prótese peniana!

Desce o pano rápido!


Mas esperem, porque ainda tenho muitos Casos de Família para contar!

"Causos"


Não é novidade que eu adoro um “causo”. Histórias de vida me encantam, me preenchem, me enchem de alegria e entusiasmo. Acho que esse é o verdadeiro material humano quem nem tempo e nem espaço pode tirar de nós. Só mesmo o Alzheimer. Por isso, vivo com intensidade as minhas histórias e viajo com intensidade nas histórias que me contam. Sou capaz de lembrar de narrativas contadas há mais de 10 anos, com riqueza de detalhes.

Quer um exemplo? Antes de postar a história da Carol com o cemitério, fui até as partes envolvidas perguntar se elas me autorizavam a publicar os seus apelidos. O OK foi verbal, mas tenho testemunhas! O blog, então, me aproximou mais uma vez do Esmê – minha referência no jornalismo – de forma descontraída. Rimos muito, lembrando mais uma vez da história aqui já contada. Eu falei para ele que guardava “causos” mais antigos, como a vez em que ele foi vaiado pela população. Esmê abriu um sorriso e começou a contar para a Gi, uma das repórteres mais novas da redação dele, o mesmo fato que ele havia narrado a mim, quando era uma quase estagiária e passava horas sentada ao lado de sua mesa, observando e esperando o tempo passar.

Esmê: Era época boa da Manchete e Adolfo Bloch havia morrido. Todas as estrelas da emissora e que saíam nas revistas se reuniram para ir ao enterro. E naquela época, tinha passado por lá gente como a Xuxa, Angélica, os atores da novela Pantanal. Para se chegar ao cemitério, era preciso passar de carro por uma rua estreita, que obviamente ficou lotada de populares que queriam ver seus ídolos. Os carros, na época, não eram filmados. Quando o carro da minha redação começou a passar por aquele corredor e perceberam que eu não era artista, fui vaiado de ponta a ponta!

Eu nunca fui vaiada. Mas já fui pisoteada. Estava sentada no pit – aquela arquibancada onde ficam os fotógrafos em dia de desfile – durante um Fashion Rio que nada acontecia. Era desfile do Carlos Tufvesson e a Angélica chegou e foi direto para os bastidores, falar com o estilista antes do show. Em questão de segundos, aquele mar de gente desceu as escadas igual a estouro de boiada e eu, sentada ao nível do chão, não consegui me levantar a tempo. Fui feita de tapete. Levantei tonta, suja e descabelada, tentando anotar a placa da jamanta que havia me atropelado.

É por essa e outras, que a minha amiga Medina anda espalhando pelos corredores das redações que agora eu sou a "imprensa da imprensa". E que tudo o que for dito, poderá ser usado por mim no bibidebicicleta. Claro que com muito eufemismo, isso é verdade...

Deve Haver Algum Sentido em Mim Que Basta


Quando pensei em fazer esse blog, demorei alguns meses para colocar aquilo que era apenas uma idéia, um desejo, em prática. Sofri quieta a humilhação de não conseguir usar da maneira correta e otimizada, como eu gostaria, as ferramentas da página que me ajudava a montar o layout da coisa. Olhava para “os lados” e não via a quem recorrer. Meti a cara. Muito do que eu consegui ser, fazer, resolver, avançar e conquistar deve-se às boas parcerias que fiz ao longo do tempo. Não por interesse, mas porque sempre consigo extrair de alguém alguma coisa boa. Distribuo tarefas de maneira oportuna e procuro envolver as pessoas na minha vida, porque atos e fatos são bons elos para ambos na contagem do tempo. Disponho e me ofereço sem reservas.

Tinha várias idéias bacanas para aplicar nesse espaço, mas esbarrava na falta de habilidade. E isso é coisa que me irrita. Detesto encontrar barreiras que sei que posso enfrentar, mas não tenho a ferramenta certa no momento exato. Aprendo truques com muita facilidade – não sou como os poodles de circo, tá? – e o novo me atrai espontaneamente. Mas, pensei, é mais producente fazer o melhor que posso, que deixar de executar uma tarefa por puro capricho estético. Resolvida essa primeira etapa de maneira, digamos, satisfatória, passei para a fase seguinte. Essa me agradou deveras. Comecei a juntar fotos, letras de música, frases que me inspiravam durante um longo período. Não como quem tem obrigação de fazer uma pesquisa para um trabalho específico, mas com o olhar atento para encontrar fontes de prazer à alma. E foi uma delícia. Hoje, ainda coleciono peças, mas com menos assiduidade e ênfase.

Depois de coletar todo o material necessário e preparar o terreno perfeito, pensei que estivesse pronta para dar início a uma fase sem fim de escrita, relatos, comentários, textos...Esqueci que sou bicho feito de inspiração e motivação. Quis acreditar na utopia de que seria capaz de eleger um tema por dia, qualquer que fosse, e que teria disposição e imaginação suficientes para dissertar a melhor história; a que me fizesse mais sentido. Não funciona bem assim. Uma série de fatores me lança e me limita.

De certa forma, a minha expectativa em relação ao blog é a mesma que muitos de nós temos no tocante à vida. Passamos tempo sendo formados, buscando referências, matutando sonhos e idéias. Absorvemos o melhor que o acaso nos oferece, guardando na alma e no coração a referência perfeita para o momento exato. Às vezes ainda acredito que continuo presa à sala de ensaios. Em outros momentos, acho que sou apenas um arauto da história dos que me cercam. Na verdade, se fosse um livro, seria um scrapbook, cheio de recortes e de momentos contados com entusiasmo em tintas coloridas. Às vezes me observo de longe, como se pudesse ler o meu passado apenas como interlocutora ou a narradora, com a distância suficiente para entender cada motivação, gesto ou expressão. Mas têm dias que preciso me enxergar de dentro para fora. Buscar essência e não referência. E geralmente faço essa viagem baseada na expectativa de outrem. E tudo o que era claro, expositivo, aberto à visitação pública, se torna tímido, delicado, casto, cândido, frágil e meio sem sentido. Tinha uma peça, da Cia de Teatro Autônomo, cujo título era: Deve Haver Algum Sentido em Mim Que Basta. ADORO esse nome. Instigante para uma mente inquieta. Minha vida é norteada por um único sentido, mas as inúmeras possibilidades me sufocam. Minhas vontades extrapolam os limites da minha mente e a realidade se faz letras. As vezes eu queria ser um filme e não um livro.

19.4.08

Essa semana eu conheci uma pessoa sensacional que me disse:

"O tempo não perdoa o que a gente faz sem ele"
Essa promete ser mais uma daquelas frases que vão me acompanhar pela vida toda. Pessoas especiais são aquelas que trazem "recados" importantes para a sua vida! E não existe tempo, hora ou lugar para encontrar alguém assim.

Desabafo...

Outro dia ouvi no noticiário uma pesquisa que me despertou o interesse:
como seriam os dias de hoje sem os avanços tecnológicos?
Ineditamente minha família se reuniu para elocubrar sobre o tema. Pensei: se nos tirassem a tecnologia, uma vez que já nos acostumamos a ela; seria terrível. Se ela não existisse e, portanto, continuássemos vivendo como há vinte anos atrás, com certeza encontraríamos meios de sobreviver com dignidade. O ser humano se adapta.
Há duas semanas eu venho tendo problemas terríveis com a tecnologia. Mais um item de estressa nessa lista aparentemente sem fim dos dias atuais. Eu adoro viver numa era com tantas possibilidades. Confesso que tenho certa dificuldade em aprender a usar os novos mecanismos. Mas, depois que me ensinam, aquilo torna-se parte integrante da minha vida. Por exemplo, o computador do meu trabalho é praticamente uma extensão do meu braço com conexão direta ao cérebro. É nele que, feliz da vida, eu escrevo os textos para o blog entre uma correria e outra. E não é que há duas semanas, pelo menos, a página do blogspot não está abrindo corretamente?! Isso me irrita pronfundamente, porque, aparentemente, a solução para essa questão parece ter que vir de outra galáxia! E fico dias, cheia de coisas interessantes para contar, mas impedida de postar. Resultado? Acabo não fazendo, perco o tesão! E os dias passam sem o registro a que me propuz fazer da minha própria vida, lembranças e acontecimentos...Daí a produção de textos ter diminuído drasticamente. Uma pena, porque escrever é uma das coisas que me faz muito feliz.
Se há dias estressantes sem a tecnologia, há também os que nos estressam pelo semi-funcionamento dela...

PS: O I-pod também está me enlouquecendo! hahahaha Help!

O Homem e A Mulher

O homem é a mais elevada das criaturas;
A mulher é o mais sublime dos ideais.
O homem é o cérebro;
A mulher é o coração.
O cérebro fabrica a luz;
O coração, o AMOR.
A luz fecunda, o amor ressuscita.
O homem é forte pela razão;
A mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence, as lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos;
A mulher, de todos os martírios.
O heroísmo enobrece, o martírio sublima.
O homem é um código;
A mulher é um evangelho.
O código corrige; o evangelho aperfeiçoa.
O homem é um templo; a mulher é o sacrário.
Ante o templo nos descobrimos;
Ante o sacrário nos ajoelhamos.
O homem pensa; a mulher sonha.
Pensar é ter , no crânio, uma larva;
Sonhar é ter , na fronte, uma auréola.
O homem é um oceano; a mulher é um lago.
O oceano tem a pérola que adorna;
O lago, a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa;
A mulher é o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço;
Cantar é conquistar a alma.
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra;
A mulher, onde começa o céu.

Victor Hugo
Os livros na estante já não têm mais tanta importância / Do muito que eu li, do pouco que sei nada me resta / A não ser a vontade de te encontrar / O motivo eu já nem sei / Nem que seja só para estar ao seu lado / Só pra ler no seu rosto uma mensagem de amor
À noite eu me deito, então escuto a mensagem no ar / Tambores rufando / Eu já não tenho nada pra te dar / No céu estrelado eu me perco / Com os pés na terra / Vagando entre os astros nada me move nem me faz parar / A não ser a vontade de te encontrar / O motivo eu já nem sei / Nem que seja só para estar ao seu lado / Só pra ler no seu rosto uma mensagem de amor - Mensagem de Amor - Herbert Viana

12.4.08

Mistérios da meia-noite!

Wow, chegamos juntos ao post 90! Rumo ao 100 e estou quase lá! Cheia de gás. Gás e não gases, como umas e outras que conheço por ai (estou falando de alguém específico que vai ler, entender e talvez me odiar por alguns segundos, não mais que isso)... Piadinhas infames à parte, ainda não tenho a menor idéia sobre o que vou falar quando atingir essa primeira meta. Pensei em contar algumas histórias sobre as pessoas que sempre postam um comentário aqui, afinal, são vocês que me ajudam a fazer desse espaço um lugar mais democrático, mais visitado (quero mais!), mais divertido e até mais atrevido, com um ou outro comentário ácido ou picante (delícia também). Adoro novos olhares! Uma vez a jornalista e consultora de moda Érika Palomino me disse a seguinte frase: “Eu sou novidadeira.” Eu simplesmente amei essa expressão, porque também sou fascinada por novidades e as busco com certa insistência, agregando umas e rejeitando outras, como é natural.

Em um dos posts sobre a viagem a Buenos Aires, eu estava comentando sobre a nossa visita ao cemitério. Foi um dia desgastante, mas até que teve seus momentos divertidos – principalmente quando fui pedir informação a um trio de americanos lindos de viver, que estava com um mapa nas mãos. Coitados, tão perdidos quanto nós, que estávamos sem direção, bússola, GPS ou o cruzeiro do sul no céu para auxiliar. Investi meu inglês num papinho básico e rápido, tendo a certeza de que os garotos eram visões e não fantasmas. Lembram que eu contei que eu estava apertada para fazer xixi e já estava até procurando por uma tumba amiga, que me ajudasse a resolver o problema de forma menos vexatória? E que fiquei com medo da possibilidade de um cadáver passar a mão na minha bunda?

Pois então, depois de contar esse fato, comecei a pensar em histórias de cemitério. Não as de terror, mas aquela que sempre nos marcam por algum motivo. E, claro, tenho um depoimento familiar a fazer! Eu ainda não era nascida. Meus pais e irmãos moravam em uma cidade relativamente perto do Rio. Minha avó paterna morreu e eles tiveram que vir para terras cariocas de supetão. Passam a noite no velório e quando amanhece, minha mãe já não estava mais se agüentando de sono. O que fazer diante disso?! Para ela, nada é problema. Olhou para um lado, olhou para o outro...pensou e não teve dúvidas: deitou e dormiu em uma lápide até à hora do enterro. Pior que as pessoas iam chegando e ninguém acreditava na cena. E ela dormia pesado, de boca aberta, como se nada mais existisse...

Outra boa aconteceu com a minha amiga Carol. Ela é jornalista e morria de medo de cobrir enterro. Ficava apavorada com a possibilidade de ser enviada nessa missão e era capaz de rezar um terço para que qualquer celebridade que entrasse no hospital, saísse de lá recuperada, para ela não correr o risco de ser escolhida para ir ao funeral. Nosso chefe, Esmê, sabia disso e o que ele fazia? Sempre mandava a menina! Era a forma que ele encontrava de tentar fazê-la vencer o medo. Carol sofria. Um dia, chega à redação a notícia da morte de Mário Lago. Lá foi a Carol para o enterro, chorando, bufando e roendo unha. Ao chegar lá, ela vê uma multidão aglomerada na sala onde estava rolando o velório. Com um olhar mais apurado, ela vê um espaço vazio ao lado do caixão. Mesmo com medo, ela se aproximou, na tentativa de falar com a família, que estava do lado oposto. Carol se debruça por cima do morto para tentar chamar um parente e não vê que o RJ-TV entra ao vivo com a cobertura do enterro. Aquele espaço era destinado às imagens. Nisso, a Carol é focalizada pela câmera. Todos na redação assistem à cena, que pela enquadramento, parecia que a Carol estava conversando com o Mário Lago. Esmê pega o telefone e liga para ela. Desconcertada, a Carol atende:

Carol: Alô!
Esmê: Carol, o que você está fazendo?
Carol: Uai, Esmê, como assim o que estou fazendo? Estou no enterro do Mário Lago, como você mandou!
Esmê: Disso eu sei, mas quero saber se você está entrevistando o morto ai, parada ao lado caixão?
Carol: Uai, como é que você sabe que eu tô aqui?
Esmê: A TV Globo está filmando essa sua última entrevista!
Ela olha para a câmera sem graça...

Desce o pano rápido!

A última foi com uma outra amiga minha, cuja identidade eu vou preservar. Ela estava na oitava série e um dos professores do colégio morreu. Todos os alunos foram para o cemitério, prestar a última homenagem. Durante o cortejo, ela vê aquele carinha lindo, um gatinho que ela estava afim há algum tempo. Trocam olhares. O clima esquenta. O que fazer? Foram se beijar atrás da primeira tumba que encontraram. Para vocês verem que pegação boa pode acontecer até mesmo em um cemitério!
Mistérios da meia-noite!

Amo


Amo, logo existo. Sou amada, logo me deixam existir em outras histórias, outras dimensões. Trabalho o amor dentro de mim, para que ele seja bom, eficaz, digno, justo, construtivo e inteligente. Ofereço-o, sem esperar por recompensas. Embora muitas vezes eu espere ser amada em retribuição, mas nem sempre. Amo porque amo; porque fui amada; porque fui correspondida através de gestos, olhares intensos e furtivos, sorrisos, abraços, beijos, apertos de mão, carinho, oferecimentos de toda a sorte, lembranças, cartas, cartões, telefonemas, e-mails, pensamentos, noites sem dormir. E também fui amada através do não-amor; gestos extremos em nome de um bem maior. O amor torna a alma mais sensível, o coração mais vulnerável, os olhos mais cheios de lágrimas. Minha vida foi forjada em amor, por isso já sorri, chorei, me doei, fui além das minhas forças e descobri novas musculaturas, fiz o que quis e até o que não gostava, me entreguei, me iludi, pulei de alegria, me emocionei, percorri caminhos inéditos, voltei aos mesmos lugares sempre com novo entusiasmo, tive medo, sonhei, deixei de sonhar, acreditei, deixei de acreditar, gargalhei, me irritei, sofri a maior das dores e renasci, pronta para percorrer outra vez a mesma estrada. Dia após dia. E sempre e tanto e mais...mais do mesmo, mais daquilo que importa, daquilo que dá cor e sentido à existência. Mais do amor, mais de mim e mais de você.

11.4.08

Por Enquanto


Olá queridos! Antes de mais nada, quero me desculpar pela ausência e pelo silêncio das minhas próprias palavras. Dias difíceis, mas a vida segue o seu fluxo. Estou de volta, bola pra frente.

Sabe o post imediatamente anterior a este (que escrevo)? Não foi colocado ali à toa. Como vivia me repetindo o Mestre Honey: “num bom roteiro, nenhuma palavra, objeto, ação, reação pode ser destituída de algum sentido”. São máximas, como essa, que eu tento aplicar ao blog...embora faça questão de frisar que o meu compromisso é com a verdade, a criatividade e a poesia das coisas.

Estava na academia fortalecendo meu “excesso de gostosura”, quando essa música – que tem como título Por Enquanto (autoria de Renato Russo) – tocou. Não era a minha versão preferida, a da Cássia Eller...Não identifiquei a cantora: se era Vanessa da Mata ou Zélia Duncan. Isso não vem ao caso, já a letra era a mesma e invadiu a minha alma, como sempre acontece quando a ouço ser executada.

Detesto qualquer tipo de eleição que seja determinante. Por exemplo: Qual o filme da sua vida? Quais as 10 músicas que marcam a sua história? Que livro está intimamente ligado ao que você sente? Ai, gente! Somos tantos dentro de nós mesmos! Somos sujeitos à mudanças de todos os tipos, que fica difícil definir-se em uma lista definitiva dos mais mais. Porém, a importância que essa canção em particular tem na minha vida é inequívoca e inegável. Nos meus papos com o Luke, a gente sempre comenta que certos cheiros, gostos e canções tem o poder de te levar à lugares mágicos e tempos perdidos. A tal viagem do pensamento.

Por Enquanto marcou em tons suaves 2002, o ano mais espetacular da minha vida so far. Durante praticamente dois meses (ou mais), eu e as duas pessoas que mais amava na época, dormíamos noite após noite embalados pelas canções do CD Acústico MTV. Não era puro masoquismo, já que ou era esse CD ou Enya, que detesto até o último fio de cabelo da alma arrepiada! Morávamos em New Jersey e tudo lá parecia pertencer a um mundo paralelo. Essa canção se transformou na trilha da nossas vidas, da nossa viagem, da nossa aventura com data certa para terminar. Ficaram as doces lembranças, o sonho de reviver algo com “sabor” parecido e a música, que tem o dom de nos transportar para aquele lugar secreto e cheio de sentido. Foi ali que eu entendi que o “pra sempre”, sempre acaba. Mesmo. E que, portanto, devemos viver o melhor de cada situação, mesmo ela sendo ruim.

Hoje voltei a falar com Mestre Honey. Disse a ele:

Bibi: Eu tenho uma visão muito particular sobre a vida.
Mestre Honey: Eu sei.
Bibi: Que bom, porque isso me faz perceber que eu não estou presa (restrita) ao meu universo particular.

Foram as duas das palavras mais simples e mais lindas, que me fizeram sair da inércia da semana e contar mais um pouquinho de mim para vocês.

“Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está; Nem desistir, nem tentar agora tanto faz...Estamos indo de volta pra casa.”

7.4.08

Voz de Cássia Eller


Mudaram as estações,
Nada mudou...
Mas eu sei que alguma coisa
aconteceu!

Tá tudo assim tão diferente.
Se lembra quando a gente chegou a um dia
acreditar,

Que tudo era pra sempre, sem saber
Que o pra sempre, sempre acaba?
Mas nada vai conseguir mudar o que
ficou;

Quando penso eu alguém, só penso em
você

E ai então, estamos bem!
Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está;
Nem desistir, nem tentar agora
Tanto faz...
Estamos indo de volta pra casa.
Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está;
Nem desistir, nem tentar agora
Tanto faz...
Estamos indo de volta pra casa!

2.4.08

"Há gritos incríveis dentro de mim, que me povoam da mais imensa solidão." Maysa

Semana passada o Jorge (meu anjo da guarda) me mandou um e-mail com uma frase dita pela cantora Maysa. Já havia falado da musa da fossa por aqui (ela é muito mais que isso, diga-se de passagem), mas apenas como referência à minissérie que uniria duas pessoas da série espetacular: Manoel Carlos e Jayme Monjardim. A força da frase me tirou do lugar comum...

Mais tarde, descubro que quem destacou essa frase foi a Lolô (outra figura sensacional aqui do trabalho), que está lendo a biografia da Maysa. Ela fez questão de me mostrar a frase no livro e isso me fez muito bem. São pessoas amigas que ajudam a fazer desse blog uma sala de visitas, pronta para receber todo tipo de gente de coração aberto e ouvir qualquer tipo de história que construa. Jorge e Lolô lêem sempre o blog e comentam comigo, o que me faz imensamente feliz e realizada. Se minhas palavras encontram eco ou fazem sentido a dois ou três (além de mim mesma), então posso prosseguir na tarefa de me desenhar em frases e textos na busca por enlevo, compreensão, sentido e expressão.

Estou tentando entender esses gritos dentro de mim. Acho que todos nós passamos por momentos assim. A voz interior se confunde com tantas referências, que você se sente paralisado. Maysa se sentia só.

Semanas atrás eu fui até a casa do Jayme Monjardim, filho único da Maysa. Fui tão bem recebida por ele e pela cantora Tânia Mara, sua mulher (acho que já falei disso). Uma das coisas mais interessantes foi ver que ele destacou duas paredes do escritório para colocar os quadros feitos por sua mãe. São desenhos, não sei como explicar, mas parecem traços a lápis, retratos e auto-retratos. Coisa profunda, que me tirou da realidade por alguns segundos. Fiquei tentando entender sua forma de expressão, que não se ensejava tão somente na interpretação das canções. Foi uma viagem dos sentidos, que me volta à cabeça nesse momento.

Estou em processo de viagem para dentro de mim...quero descobrir o significado de certas vozes, dos gritos incríveis que me fazem querer cruzar fronteiras invisíveis e insensíveis à palma da mão.

“Se um veleiro repousasse na palma da minha mão / Sopraria com sentimento e deixaria seguir sempre rumo ao meu coração... / Meu coração / A calma de um mar que guarda tamanhos segredos / Diversos naufragados e sem tempo... / Rimas, de ventos e velas / Vida que vem e que vai / A solidão que fica e entra me arremessando contra o cais...” Porto Solidão

1.4.08

Sei...


Queria falar sobre coisas mais profundas, mas hoje eu me sinto rasa. Queria compreender certos mistérios que nos cercam, mas não são estes os chamados segredos da vida? Caminhar, caminhar, sem saber onde vou chegar...não gosto muito das surpresas que a vida nos prega, mas também não saberia viver no módulo programado, tal qual um robô ciente de suas atribuições, day by day, time after time.

Hoje eu não quero falar de nada especificamente, mas estou falando de tudo, de todos nós. Tem dias que a gente está feliz, mas ainda assim precisa encontrar novos espaços dentro de si, alargar o horizonte, crescer para amadurecer sonhos e idéias.

Tem dias em que estou cercada de gente e me sinto só. Essa sensação estranha antes me angustiava, agora me dá oportunidades. Sentar, pensar, avaliar, reavaliar. A vida vai seguindo como uma máquina overloque, fazendo a sua costura por linhas em ziguezague. Contemplo a tela do computador como se fosse uma espécie de divã eletrônico, onde as letras são as pílulas que me acalmam a mente, corpo e coração. Eu sou o Freud de mim mesma, porque dentro de mim existem respostas para muitas questões, mas nem todas se explicam. Tem certas respostas que são mesmo muito difíceis de serem acessadas e o desafio é continuar a se esforçar para que nenhuma das perguntas a serem feitas deixem de existir.

Há pouco tempo, fiz um novo e já querido amigo, o Neo. Ele tem trazido para a minha vida coisas muito importantes. O melhor ombro, o ouvido mais exclusivo e a mente mais brilhante. Foi através dele que ouvi a frase:


"Se quiser chegar ao coração do homem, há de se contar uma história, dessas onde não faltem deuses ou personagens ou muita fantasia. Porque é assim, suave e docemente, que se despertam as consciências". La Fontaine
Eu conto a minha história para chegar ao meu próprio coração.. É na fantasia que encontro respostas para a realidade e é na realidade que me faço em fantasia, como uma personagem de mim mesma no teatro da vida. Sou aquilo que aprendi, vi e sobrevivi, somada àquilo que ainda quero ser. Em dias tão difíceis, somos desafiados a ousar a sonhar, porque tudo é correr atrás do vento. O sonho, assim como o amor, tem seu começo em matéria fluida e disforme. Precisa de boa mão, de bom coração e de muita coragem.

Me Beija


** Não gosto muito de colar textos de outras pessoas aqui. Porém, recebi por e-mail um release que falava sobre o dia do beijo! Achei tão bonitinho, que resolvi compartilhar com vocês...

No próximo dia 13 de abril vamos comemorar o dia do beijo. Não se sabe quem foi o responsável por conceber uma data para tal expressão de carinho, mas o beijo comemora seu “aniversário” neste mês, no domingo dia 13, e a festa acontecerá em todo o mundo.

Segundo o consultor de relacionamentos Sergio Savian existem muitas formas de beijar, e na hora do beijo você sente qual é a conexão que tem com a pessoa. Você percebe se é um encontro qualquer ou se você tem vontade de beijar mais, de namorar. Quem nunca beijou fica na expectativa de como será o primeiro beijo. Mas uma coisa é certa: você só aprende beijar, beijando. Não há outro jeito, não há curso, não há aula, nem livro que ensine isso.

Um beijo bom significa muita coisa, ele significa que em outros níveis o contato de vocês pode ser muito bom também. O beijo é um marco no seu encontro amoroso, é um parâmetro de afinidade. Você conversa, toca a outra pessoa, mas quando beija muda alguma coisa. É o começo de uma nova etapa. Você se entrega, se mistura.

Existem vários tipos de beijo e cada um deles tem a ver com a personalidade de quem beija:

Beijo selinho. É um beijo bem sequinho, sem muito compromisso. Muita gente o usa para cumprimentar amigos e amigas. Ou pode ser o começo de uma história ou de um grande beijo.

Beijo seco. É o começo. Você está experimentando a outra pessoa. Mas, se ficar só nisso indica que está com medo de se entregar.

Com os olhos abertos . Este tipo de pessoa pode estar no controle, querendo saber tudo o que passa com o outro ou com o que está se passando em torno. Às vezes beijar olhos nos olhos também pode ser muito bom, sublime.

Beijo rápido. Ansiedade, falta de entrega. Uma das coisas mais deliciosas no beijo é exatamente quando você beija sem pressa, com meditação, totalmente inteiro naquilo que está fazendo.

Beijo demorado. Entrega total. Capacidade de desfrutar do momento presente.

Beijo de todo o corpo. O melhor beijo é aquele que você dá com todo o seu corpo envolvido, dos pés à cabeça. As mãos percorrem o corpo, o rosto, os cabelos da outra pessoa.

Beijo de língua. Depois de experimentar o contato dos lábios é bem interessante que se use a língua no beijo. Mas tem que fazer pouco a pouco. Pessoas que vão de cara com a língua dentro da boca do outro podem estar sendo precipitadas e invasivas.

Mais alguns tipos: beijo com paixão, beijo burocrático, beijo com os olhos fechados, beijo na portaria do prédio, beijo proibido, beijo no altar, primeiro beijo, beijo tântrico, beijo cinematográfico, beijo na chuva, beijo com afeto, beijo de Judas, beijo do vampiro.


PS: Fiquei curiosa para saber como seria esse tal de beijo tântrico! Ui! Smacks!