29.5.09

No busão

Estava no busão e a viagem seria longa demais. A animação era grande demais para ficar presa no coletivo, vendo a paisagem sendo transformada pelo deslocar do trânsito. Voltava de uma matéria e as palavras dentro de mim começaram a gritar, querendo sair. Peguei o meu bloquinho e comecei a escrever o que me vinha até a ponta dos dedos. O resultado foi este:

Guardar sentimentos me dá dor na garganta. Estou cheia de dor nesse momento, com uma certa irritação que não me faz muito sentido. Eu não sou um conjuntinho de regras de um joguinho. Sou transparente como as águas de um aquário cheio de peixes coloridos, algumas algas e pedras que adornam o fundo do compartimento. Contudo, não sou peixe de aquário; daqueles que se habituam a nadar em um espaço delimitado e que servem mesmo é para exposição. Preciso do mar, preciso respirar e ser o melhor que eu possa vir a ser, sem que os outros venham impor barreiras e limitações ao fluir das ondas provocadas pelas minhas nadadeiras, que não sossegam. Elas gostam de saber que têm como limite o infinito horizonte azul.

Fazer escolhas não é das tarefas mais simples, mas desde muito cedo somos levados a fazer opções nesse sentido. Está com fome? Quer esse ou aquele? Cadê o nariz? Pega o nariz que eu te dou o brinquedo!? E se eu quiser chamar a bunda de nariz? Excuse me?

Ao longo da vida fazemos escolhas simples e outras bem profundas. Quem eu sou? Quem eu quero ser? Aquilo que os outros esperam ou o que o meu coração me diz baixinho, bem lá no fundo, com uma "voz" quase inaudível, abafada pelos gritos histéricos de uma sociedade que tenta nos manter o mais parecidos possível - para que assim o controle se dê de forma potencialmente mais dinâmica e adequada...

(preciso terminar a idéia desse texto)

4 comentários:

André Lima disse...

Gostei da linha de pensamento e das analogias. Hj me sinto assim como vc... pq tudo é tão difícil, pq temos que nos render à sociedade do todo mundo? Não quero ficar preso dentro do livro de George Orwell, 1984, Big Brothers... às vezes sonho que estou voando, que visto uma roupa azul e vermelha e ajudo as pessoas a se salvarem, derreto pedaços do que obstrui o curso da vida, mudo o rumo dos rios, como já dizia Gilberto Gil.

Cecil disse...

Oi Bia:
Vi seu MSN horas depois, quando voltei ao computador, mas vc já estava offline.
Quanto a este texto... Acho que a melhor maneira de terminar a idéia de um texto é retomar algo do início.
Você pode voltar para o busão, a viagem chegando ao fim, ou algo sobre seus companheiros de viagem.
Você pode voltar para a dor de garganta - soltar sentimentos também dá dores? Onde?
Aliás, você pode tudo. Do jeito que escreve tão bem e tem tanto a dizer, o caminho que escolher ficará iluminado.
Bjs e boa sorte.
Cecilia

Luke disse...

Sentimentos.
Seria melhor se fôssemos todos robôs?

Todos super-vickys / Maísas??

Bibi disse...

Luke: Acid Kid