15.5.09

O Moço


Gosto de trazer coisas bonitas que eu leio "lá fora" para cá. Não é a primeira vez que eu encontro um verso que já fez parte do meu passado e venho compartilhar {fervilhar}. Não, esse não é dos meus. O mais curioso é que acho que "topei" com ele ainda adolescente. E nessa época eu já me identificava com o narrador: eu me achava uma moça de cabelos brancos! Ora vejam vocês!

O tempo passou e esse verso continua a balançar as minhas estruturas. Topei com ele agora de manhã. Já não me acho numa idade inadequada para meus pensamentos. Busco na vida adequação, simplicidade e espontaneidade; sem deixar de perseguir alguns ideais aqui contidos, como: beijos de amor, tornar alguém feliz, fazer amigos, ler livros, contar histórias, escrever versos. Quanto mais "velha" me torno, mais moça me sinto por dentro.

***

Não me perguntem quantos anos tenho
E sim
Quantas cartas mandei e recebi.
Se mais jovem, se mais velho...
O que importa,

Se ainda sou um fervilhar de sonhos,

Se não carrego o fardo da esperança morta?


Não me perguntem quantos anos tenho

E sim

Quantos beijos eu troquei: beijos de amor!

Se a juventude aqui ainda é festa,

Se aproveito de tudo a cada instante,

Se eu bebo da taça gota a gota...

Ora! Então se me dá, que gota resta?

Não me perguntem quantos anos tenho

Mas...

Queiram saber de mim se criei filhos,
Queiram saber de mim que obras fiz,
Queiram saber de mim que amigos tenho,

E se alguém pude eu tornar feliz.

Não me perguntem quantos anos tenho
Mas...
Queiram saber de mim que livros li,
Queiram saber de mim por onde andei,

Queiram saber de mim quantas histórias,

Quantos versos ouvi, quantos cantei.

E assim, somente assim, todos vocês,

Por mais brancos que estejam meus cabelos,

Por mais rugas que vejam em meu rosto,

Terão vontade de chamar-me o moço

E ao me verem passar aqui... Ali...

Não saberão ao certo a minha idade,

Mas saberão, por certo, que eu vivi!

(Moacyr José Sacramento - O Moço)

5 comentários:

OX disse...

É curioso que quanto menos moço, mais sentido vão fazendo as coisas em nossa mente, como vc disse, a gente vai ficando "...mais moça por dentro..." uiuiui, digo, mais jovem por dentro. Contar histórias e beijos de amor... Nada melhor que não ter limitações e estar junto, fazer, colaborar, ser bem tratado, tratar bem, carinho, dedicação, transparência sem medos, afeição e amor... Molas de uma máquina louca chamada vida.

Anônimo disse...

"Quanto mais "velha" me torno, mais moça me sinto por dentro." - talvez porque temos mais coragem de enfrentar a vida, a nossa mente esteja mais ampla, em todo caso excelente frase. - e nesse desafio diário da vida, vamos colhendo pedras e pedregulhos aparando nossas arestas. Abraço e sucesso.

Bibi disse...

OX: Gosto da frase "molas de uma máquina louca chamada vida". Uma máquina poderosa!

Pastorelli: a gente vai perdendo as inseguranças e compreendendo que podemos brincar, ter leveza e não levar a vida tão à sério.

Josselene Marques disse...

Olá. Bibi!
Como prometi, retornei.
Adorei a frase: "Quanto mais "velha" me torno, mais moça me sinto por dentro."
Quanta sabedoria, menina!

Que bom que você gostou da "minha cidade"...
Abraço e ótimo final de semana!

Bibi disse...

Joss não é sabedoria, mas saber compartilhado. Somos nós, eu e vc! Smos todos nós ciclistas juntos, querendo o bem sempre!
Bjs