30.8.09

As Meninas

Foto gentilmente "afanada" em O Delírio da Bruxa

A ausência aqui se justifica: trabalho, trabalho, trabalho. O que tem o seu lado compensatório, claro, que passa por uma questão financeira, mas vai além! O exercício intelectual exigido por outrem, que não aquele que a gente executa em momentos de prazer (como escrever no BibideBicicleta), ajuda a colocar óleo na engrenagem. Todo mundo deve gostar de ser útil... E aqui falamos de todas as gamas de serviços sem fim. O ócio é criativo, mas a falta completa do que exercer e exercitar é castrativa.

Eu não me rendo! E assim há de ser enquanto Deus me der forças, idéias, uma pitada de talento e AMIGOS! Sim, sempre eles que aparecem para colorir o meu destino e caminhar junto as milhas da minha estrada.

Ontem, por exemplo... Achei que o sábado fosse se tornar um dia de telefonemas perdidos, e-mails não retornados e trabalhos que estão me deixando careca. E não é que recebi um convite para ir ao teatro?! DELÍCIA! Fazia um tempão que não me entrega a essa arte que tem uma energia vibrante e tão diferente de todas as outras formas de expressão.

Fui ver As Meninas, uma peça escrita pela Maitê Proença, em cartaz na Casa de Cultura Laura Alvim (aqui no Rio, galera. PS: Acho esse tetro uma graça porque fica justamente em frente à praia de Ipanema. Charme total!). O texto é primoroso, mas não sei te dizer se é drama ou comédia. E é justamente isso o que o torna ainda mais interessante. Há momentos em que todos riem; as piadas clássicas. Há momentos em que você escuta uma gargalhada aqui e outra acolá. E só. Cada qual escolhe seu momento para colocar sua dor/alegria para fora. E assim aconteceu em vários instantes. Mexe com sentimentos únicos, individuais, falando à partir de uma questão coletiva.

Quem leu o segundo livro escrito pela atriz - Uma Vida Inventada - reconhece na peça várias passagens autobiográficas. É incrivelmente inspirador compreender esses pontos sensíveis. E vendo e sabendo como é complicado, difícil, temerário escrever uma peça teatral, achei a Maitê ainda mais fantástica. E daí que ela é bonita? A moça é muito talentosa e sabe se expor sem entregar o que há de mais íntimo. Passou bem pela TV e entrou de forma tão digna na literatura e chega aos palcos - não agora - por um outro viés (seu primeiro livro já havia virado peça).

O texto levou tempo para ganhar significado dentro de mim. A reflexão insiste em permanecer. Talvez ainda tenha o que contar, mas me calo à emoção do fim de um sábado quase perfeito.

4 comentários:

Saulo disse...

Adoro Maitê!! Estou com ela todas as quartas no Saia Justa (GNT). Uma presença sensível e marcante, uma atriz versátil e completa. Sempre com um belo sorriso estampado. Cativante...

Josselene Marques disse...

Bibi:

Cada vez melhor o seu espaço.
Ótimo final de semana.
Abraço.

valmir disse...

Isso me lembra um samba... "Quando eu morrer, não quero choro nem vela, quero uma fita amarela, gravada com o nome dela..."!

Bibi disse...

Funny :( Tinha respondido a todos, mas parece que a pedalada não foi publicada... Bora outra vez

Saulo: Maitê soube se reinventar com o passar dos tempos e parece que a cada dia melhor. Star!

Joss: Que comentário delicioso. Muito Obrigada!

Val: Isso me faz lembrar uma frase que ouvi, que era mais ou menos assim: "Minha mãe disse que quando uma pessoa morre, o corpo não pertence mais a ela, mas sim aos jornalistas". rs