8.11.09

Filme Triste



* Se você não quer saber o final do filme, por favor, não leia o último parágrafo. Não falo tudo, mas revelo dados importantes.

Sábado é o dia internacional de estar com os amigos (na falta de um namorado). Assim sendo, tive a honra de estar com os meus novos e velhos brothers para um programão vespertino em dia de calor do Senegal: cinema!

Fui ver "500 Dias Com Ela" e posso dizer que o filme é lindo, mas... Saí da sala de exibição desolada! A palavra é essa mesma. Fiquei umas duas horas triste até me recuperar e nem sei se foi por completo. Você há de me perguntar: "mas foi ver drama?" Que nada! Tratava-se de uma comédia romântica fora dos padrões.


O roteirista conseguiu subverter as regras do gênero um cara que conhece uma garota e o romance acontece resultando em união ou separação. Para começar, o protagonista é que faz o papel do romântico inveterado, enquanto a mulher dos seus sonhos não acredita no amor (Esse fato já me balançou um pouco, porque tenho medo de desacreditar nos encontros reais e verdadeiros, combustível das relações que trazem conteúdo e verdade para a minha história).

Pois bem. Toda a história de amor vivida pelos protagonistas é contada de maneira não linear. Os 500 dias não são mostrados um a um, mas também não são contados na ordem cronológica dos acontecimentos, o que dá um movimento diferente à narração da trama.

Outro ponto interessante é quando a tela é dividida entre "Realidade" e "Expectativa". A gente acompanha o factual e o imaginário ao mesmo tempo. Mais do que uma maneira divertida, criativa e inteligente de contar uma história , "500 Dias Com Ela" tem uma visão honesta e até bastante crua do que pode ser o amor nos dias de hoje.

A frase inicial do filme - apresentada em forma de créditos na tela - já nos dá uma dica do que está por vir:

"O filme a seguir é uma história de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Especialmente você Jenny Beckman. Vaca".

"500 Dias Com Ela" termina de forma elegante e muito esperançosa, mas me deixou no chinelo. A história de amor que eu estava seguindo acontece de forma absolutamente oposta à que eu torcia. Nada que não tenha visto acontecer "na vida real". Aliás, acontece muito na vida real, mas sempre acho triste, injusto e sem sentido pessoas que se amam encontrarem novos amores, novos sentidos, novas razões. #Pronto, falei!

5 comentários:

Dani disse...

Oi Bia, fiz a minha visão de realidade x expectativa, como em 500 dias com ela.

Expectativa:

O rapaz desce a escada, a menina corre atrás dele, tropeça, ele a acude e os dois se beijam. O beijo é o primeiro, mas muito desejado, desde o dia que se conheceram.

Realidade:

O rapaz desce a escada, a menina corre atrás dele, tropeça, ele pergunta de longe se machucou. A menina, crescida no mundo contemporâneo, no qual homens e mulheres são iguais, diz que não machucou. Ele sorri e vai embora.

Expectativa:

A menina, voltando para casa, sente uma mão tocando seu braço. Espere, ele diz, de maneira suave. Você esqueceu isso. Uma desculpa para estar por perto. Eles se beijam.

Realidade:

A menina, voltando para casa, sente uma mão tocando em seu braço. Espere, ela ouve, ele diz, de maneira suave. Você esqueceu isso. Ela diz obrigada, ele sorri e anda ao seu lado em silêncio, até o "ponto de convergência".

Expectativa:

No final de uma festa, o menino sorri e a convida para esticar em um barzinho com os amigos, mas as responsabilidades do dia seguinte falam mais alto. Se despedem, mas alguma coisa a impossibilita de ir embora. Ele se volta para ela novamente, e se despede mais uma vez. Desta vez de mãos dadas e com os dedos se tocando, deslizando uns sob os outros. Ela pergunta, depois você me leva em casa? Claro, responde ele. As mãos não se desgrudam, os dedos entrelaçam e se desentrelaçam constantemente. Como se ele e ela pudessem sentir suas almas fazendo o mesmo.

Os amigos já não estão presentes, e os seus lábios são tocados. E o desejo profundo, consumado.

Realidade:

No final de uma festa, o menino sorri e a convida para esticar em um barzinho com os amigos, mas as responsabilidades do dia seguinte falam mais alto. Se despedem, mas alguma coisa a impossibilita de ir embora. Ele se volta para ela novamente, e se despede mais uma vez. Desta vez de mãos dadas e com os dedos se tocando, deslizando uns sob os outros. Ela finalmente diz adeus e se vai, olhando no fundo dos seus olhos, podendo sentir um amor impossivel.


Nas expectativas, o amor e o desejo são consumados e finitos. Na realidade, a pergunta resiste o tempo, "e se...?" Nunca saberemos, mas a verdade é que amores sentidos e desejados, mas nunca consumados, são aqueles que sempre nos acompanham. São diferentes dos desejos reprimidos, totalmente diferentes. Os desejos reprimidos não tem seu valor de romance. Não tem valor cinematográfico.

Amores impossiveis não são aqueles que moram no nosso coração, são aqueles que moram no fundo da nossa alma. São aqueles que surgem das grandes telas.

valmir disse...

Eu vi o filme na epoca do filmes do rio, há dois meses (caramba, como passou voando esse ano...). Gostei muito, incluindo o final. rs

Bibi disse...

Dani, não sei ao certo quem é você, mas ADOREI o que vc escreveu!

Val: não é novidade a gente divergir em relação a gostar ou não do fim de uma obra!

Fernando Rocha disse...

EStou a procuras de um bom filme pra ver, afinal, o cinema não tem sido muito criativo nos últimos tempos, vou embarcar na sua dica.

Bibi disse...

Fernando, mas eu saí triste! Meu amigo gostou! Pra você ver! Não é que eu não temnha gostado, afinal, o desenrolar do enredo é interessante! Mas gosto de deixar a sala dando pilinhos! rs