9.5.10

Essas Vovozices...


Que belo “Dia das Mães” é esse o que estou vivendo, minha gente dourada, bronzeada pela luz da tela do computador. 1) Resfriada até os últimos poros da alma (bagunçada, com olheiras, sem voz e com cof cof); 2) De plantão jornalístico, sem poder me ausentar da frente do computador por longas oito horas seguidas; 3) Sem a “Dona Bicicletona” em casa, sim, a Mãe da Bicicletinha que vos escreve foi almoçar fora com o Patinete, sua outra criação...

Ontem, antes de dormir, fui dar um beijinho na Mommy pelo dia de hoje. Entrei na saleta e ela cochilava em frente à TV. Situação, normal, mas que eu sempre acho muito engraçada. Ela acorda sorrindo, porque foi pega no flagra, como se cochilar fosse um ilícito sem grandes conseqüências. Não é. Mas ela sorri, enquanto tenta focar a vista em mim.

E voltando ao beijo... Nem pude dar uma beijoca estalada naquela bochecha. Estando mega resfriada, não quero passar meus vírus como presentes pelo “Dia D”. Acho que ela não tem escapatória, porque meu Pai também está bem resfriando e funga-funga no nariz dela já começou. Eu, enfim, dei um beijinho na cabeça. Ela estava sentada em sua cadeira, que é estrategicamente colocada em frente à TV – e só ela senta!

Ao começar a escrever sobre a cadeira, lembrei da minha Avó, Mãe da Minha Mãe. Era a mesma coisa: uma cadeira de balanço só dela, colocada estrategicamente em frente àquela televisão que funcionava à tapa – a imagem às vezes teimava em se ausentar, daí era preciso partir para violência, a única chance.

Se um dia eu for seguir essa verve das mulheres dessa família, provavelmente não será uma cadeira de balanço, como foi a da minha avó, e nem uma de madeira desconfortável, como é a da minha Mãe. Eu já não curto muito televisão, por mais irônico que isso possa parecer! Eu gosto de escrever TV e não de ficar horas ali refém de tantas outras coisas, como comerciais, por exemplo. A minha cadeira seria uma chase, fofinha, macia, daquelas que te abraçam para você ficar confortável, protegido e abraçado até.

Minha Mãe não deve saber o que é uma chase. Ela faz a ligação das palavras com a sonoridade que mais lhe parece inteligível. Assim chase viraria facilmente cheese, que é uma palavra da língua inglesa que ela “domina”. Foi assim também que quiche virou cheese e não há cristão que faça ela se lembrar de quiche antes de falar cheese. A explicação, para ela, é que todos devem ser feitos com queijo! Hahahahaha Fico imaginando qual seria a aplicabilidade de chase em cheese. E deve haver, meu povo, porque na cartilha da minha Mãe as possibilidades do queijo gringo são infinitas.

Eu fico encantada com a possibilidade de falar de coisas que para mim parecem simples, mas que não fazem necessariamente parte da rotina de gente que considero absurdamente inteligentes. Outro dia estava falando sobre escondidinho e a pessoa respondeu: “Ah, bolo de carne”. Eu ri e fico encantada em me encontrar na situação de poder ensinar alguma coisa, por mais boba que possa parecer (e essas são as melhores) para alguém com quem tenho tanto, tanto, tanto a aprender.

E voltando ao beijo de ontem à noite... Foi no topo da cabeça. Tinha uma toquinha – que já queria falar dela aqui há séculos – que é usada para segurar os cabelos para que eles não caiam nos olhos. Toquinha para mim sempre foi o atestado com firma reconhecida de "vovozice". E essa palavra já esteve intimamente ligada à fim dentro de mim. Foi quando percebi que todo fim é apenas e tão somente um novo começo. Seja qual for e seja como for, basta que sejamos inteiros, livres, maiores e tenhamos a lembrança da melhor lição como pauta para o novo caminhar.

PS: Minha Mãe tem "vovozices", mas vou te contar: a energia dela dá banho nessa minha resistência preguiçosa! “Feliz Dia das Mulheres Que Gestacionam e Concebem Amor”

2 comentários:

Saulo disse...

Eu ainda não tenho minha chase, mas tenho potencial para estas manias de "ente ivida"! Note-se pela minha toca e minhas manias de preservação do ambiente... rsrs

Bibi disse...

Vc tem as suas vovozices e eu gosto de muitas delas... Menos da mania de paninhos! hehe