20.12.10

Me ensina a rodopiar?


Olá Ciclistas queridos!
Dias de sol.
Dias de MUITO sol e calor.
Dias de MUITO sol, INTENSO calor e trabalho.
Dias de MUITO sol, INTENSO calor e EXTENUANTE trabalho...
Daí uma ausência literária, digamos assim, mais consistente.
Vamos pedalando que essa ciclovia é grande e cabem muitas bicicletas nas nossas histórias.

Falar nisso... Queria ter boas histórias para contar. Até tenho fatos. Mas esse fim de ano está me consumindo muito mais que os anteriores, onde eu também passava trabalhando. E derretendo feito sorvete, deixa a coisa mais "melecada". Acho curiosa essa expressão "derretendo feito sorvete". Um dia, um amigo colorido me escreveu "beijos me derretem como sorvete". Achei bonitinho e a expressão antiga ganhou novo fôlego no meu "caderninho" de significados.

É um texto-justificativa? Siiiim. Mas saboreie as palavras como um sorvete - antes de derreter hohoho

Fim de ano eu sempre ficava deprimida. SEMPRE. Melhor, sendo mais justa: desde uns 12, 13 anos, quando eu tive que começar a efetivamente me despedir das pessoas e perceber certas maldades no coração humano e no seio das famílias. A questão dos presentes, a comilança do tipo glutonaria, o álcool para melhor passar o tempo... E o trânsito no final da festa? Batidas, pessoas impacientes buzinando, aquilo tudo na minha cabeça adolescente me parecia tão sem sentido, que não encontrava uma forma. Apenas calava o não compreendido, tentando arrumar-lhe lugar... 

Porém, desde que a "Tia Biscoito" morreu dias depois do Natal - e eu havia prometido a mim mesma fazer daquela noite a mais maravilhosa possível -, a coisa mudou. Mudou para melhor dentro de mim. Não apenas se alterou circunstancialmente. A coisa mudou mesmo. Percebi que a gente é mais forte do que nós próprios nos supomos e que a palavra "determinação" é de uma grandeza emocional tão imensa, capaz de verdadeiros milagres cotidianos internos e permanentes nessas impermanencias de sentidos que damos aos fatos. E agora, mesmo com a ausência do meu Pai, a vida segue seu curso sem maiores contratempos. E isso é um de um poder... De um grau de conquista inalienável!

E você percebe que mesmo super cansada, muito chata e morrendo de calor é capaz de gestos que de fora podem parecer idiotas, mas que agregam todo o valor que importa. Quer saber? A gente pode ser tão mais divertido quando destila amor longe dos olhos de terceiros. A gente pode ser tão mais legal quando ninguém está olhando... Minha Mãe ganhou um cartão de Natal que toca musiquinha. Coisa que velho ADORA. Ontem à noite ela abriu o cartão pela milésima vez. Isso poderia me irritar, mas eu quis fazer daquele momento diferente. Tirei ela para dançar. E ela aceitou. Fizemos uma espécie de valsa puladinha (a gente gosta mais de um rockzinho) e ela me pede:

- Me ensina a rodopiar?

Dançamos pelo quarto às gargalhadas (e eu achando belo aquele simples pedido, que nem de longe era um pedido simples). Rodopiamos uma à outra como se não existisse um mundo lá fora. E percebi que quando o mundo de dentro está em harmonia, o que existe lá fora fica por segundos suspenso, mesmo que seja no tempo de uma canção de cartão de Natal. Dançamos como quem corre atrás de toda a pureza da diversão perdida nos bailes da vida.

Um comentário:

Saulo disse...

Que lindo relato!!! Meu dia começo mais feliz com seus rodopios! Bjuss