19.1.11

Papo de jacaré


Hoje li na coluna do Ancelmo, em O Globo, que um jacaré do papo amarelo (espécie ameaçada de extinção) apareceu na região de Vargem Pequena, zona oeste carioca, e levou dois tiros na cabeça. A foto mostra o bichão com uma gaze na cabeça. Vivo (graças a perícia dos veterinários).

Essa notícia me chamou atenção. Morri de pena do bicho. Não só porque ele está ameaçado, claro, mas pelo fato de que tanto em seres humanos, quanto em animais, me choca saber sobre dois tiros na cabeça de um indefeso.

Uma colega do trabalho me mostrou um outro lado da questão: "se tem um jacaré selvagem no seu quintal, você vai esperar ele fazer alguma coisa para poder tomar a providência?". Pensei na questão. Porque vamos combinar que num mundo ideal, as autoridades legais seriam chamadas e o bicho seria recolhido para local próprio. Mas a gente não vive no melhor dos mundos, não é? 

Outra questão que sempre levantam é a de que é o homem que está tomando o espaço dos animais. Verdade. Mas fazer o que para que essa convivencia possa rolar num nível de coexistência e pacífica? Me parece outra daquelas questões complicadas.

***
Voltando no tempo, acabei encontrando uma reportagem de 2006 que me alertou ainda mais para o perigo da situação. Três guardas do Grupamento de Defesa Ambiental (GDA) do Rio capturaram uma jararaca de dois metros que se preparava para dar o bote em Miguel Almeida de 2 anos. O menino brincava no quintal de casa, em Santa Tereza, e foi salvo pelo cão de estimação Brutus, cruzamento de pastor alemão com rottweiler. O cachorro ficou gravemente ferido, mas socorrido a tempo, sobreviveu.

Agora você - que mora na cidade - me diz: se encontrasse uma jararaca no seu quintal ou varanda - e não fosse a sua sogra, claro -, você ia só espantar o bicho ou tomaria uma decisão mais extrema? A se pensar com seriedade, porque eu jamais dormiria tranquila com uma cobra - a de dois metros, claro - rondando a minha casa...
 

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