13.3.11

Acordei nublada


Acordei nublada, como o tempo no Rio. Não é problema daquela tristeza de outrora, graças a Deus. A de agora é totalmente superável pela motivação interna. Pode ser problema de derme, "pele vaga ultimamente", como a Belle escreveu (hehehe). Podem ser minhas coisas de mulher poeta. Pode ser a minha relação com o tempo. Pode ser o momento de incerteza, esse pelo qual todos nós passamos um monte de vezes na vida. Sim, porque viver é fazer escolhas a todo momento.

Acordei nublada, mas tenho um estoque de raios de sol conquistados durante o Carnaval. Chuvoso, ironicamente. Ouvi que a gente não pode depositar no outro expectativas que são da nossa responsabilidade interna. E como fazemos isso ao longo da vida nas mais diversas circunstâncias. Estar com o outro, mas não depositar a realização dos nossos sonhos e desejos nele. Desafio gigante para os seres humanos muletas que somos, dependentes de um apoio.

Esse blog é bem mulherzinha, viu? Tantas são as vezes que me envergonho de jogar aqui os 'mimimis' de uma balzaquiana sensível e preocupada com o outro (vigilante dos sentimentos tantos). O Anonymous me disse algo como: "antes jogar os sentimentos aqui do que guardá-los para vivê-los mais tarde" (não foi bem isso, mas foi a lição que tirei :)). Então a vergonha acaba se tornando a oportunidade de mostrar que não estamos sozinhos em tantas buscas existenciais. 

Mas acima de tudo, o BibideBicicleta trata das questões que nos afligem como espécie: humana. Precisamos de parcerias na vida e vivemos nessa busca: amor, amigos, companheiros, cooperadores, incentivadores, motivadores, utilitários, sócios, ombros, ouvidos, sexo, afeto, conciliadores, conselheiros, esparro, muso, inspiração, piração, confidentes, reguladores, conselheiros... Mas antes de sermos o todo, precisamos estar em paz com o nosso interior. Conhecer-nos profundamente é a grande viagem da vida e talvez a mais difícil dela, por ser múltiplos e tão fechados para nós mesmos. Escondemos os nossos sentimentos no fundo da alma sistematicamente, achando que adormecendo a dor a tendência dela é desaparecer. Não é. Não podemos apagar ou transformar os fatos vividos e guardados - voluntária e involuntariamente - em nosso ser. Em nosso poder está apenas a reprogramações das experiências ruins. É preciso conhecê-las. Infelizmente. E bem.

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