24.1.12

Páginas da Vida



Hoje aconteceu uma coisa engraçada (lá vai eu fazer da minha vida uma novela...). Vou começar outra vez.


Se você vive uma vida sadia, em condições normais de temperatura e pressão, certamente é rodeado por pessoas a quem você escolheu amar. É uma dádiva poder formar aquele tipo de família escolhida, irmãos que nascem da escolha e não da genética. Se dedicar a alguém e ser amado por isso, sendo essa a única e melhor moeda de troca. Aguentar humores e dissabores, porque você sabe que todo mundo os tem. Inclusive você mesmo. E ainda assim e mesmo por isso transcender as dificuldades, porque as virtudes do outro são absolutamente vitais para a sua existência completa, sadia e significante. Aceitar o outro, porque só assim você desenvolve a humildade de reconhecer as suas próprias misérias e a sua pequenez diante da grandeza da vida. E as incertezas do caminho.


Não via a Bia Bug desde o ano passado. Mas hoje resolvemos essa questão. Não foi o encontro ideal, mas foram os instantes que conseguimos entre um compromisso e outro para fazer valer aquilo que se chama estar junto, do lado de dentro. A tecnologia nunca nos deixou realmente longe, tanto é que ela é uma doce presença na minha vida, mesmo sem estar efetivamente presente. Mas o cativar e o cultivar faz falta e hoje demos cabo à questão. O mais extraordinário é que a gente já tinha se visto meio de longe, meio correndo. Mas hoje foi a primeira vez que fiz carinho na sua barriga e pude conhecer a "Azeitona" do avesso. Na verdade, conheci a casinha que a abriga do mundo aqui fora e a faz crescer: a pança. Ok, ainda é uma pancita, mas a Bia Bug já está com cara de mamãe.


Nossa amizade cresceu de uma forma muito curiosa. Lembro exatamente a primeira vez que a vi. Também sei de forma muito clara quando tive a certeza de que não seria algo superficial, simples, uma vida que passa como uma brisa que nos transpassa o cabelo. E nessa história formada, vi a moça virar mulher e a mulher gerar uma vida. E só me dei conta da profundidade do acontecimento, quando hoje, enquanto a gente esperava o almoço, ela me contou como foi o dia em que escutou o coraçãozinho da Azeitona bater na ultrassom. Não segurei as lágrimas. Nem ela. Amor é isso, felicidade compartilhada nas entranhas. E a explosão de risos, quando a garçonete nos ofereceu um guardanapo para secar as lágrimas e nos garantiu que a comida estava vindo. "As moças já estão chorando de fome", disse ela, olhando para a cozinha.


Ainda falta muita coisa na minha vida. Muitos sonhos que na minha pequenez acreditava que já estariam realizados a essa altura do campeonato. Sonhos que apenas adormecem e entram em estado gestacional também. Mas que bom, e por isso dou mesmo graças a Deus, que tenho pessoas que eu amo tanto, que seu sonhos realizados, se tornam como meus sonhos estendidos em outra existência. Amar não é mesmo para todos (sei lá, eu penso, mas sem grandes certezas, que tem gente que não tem esse dom ou essa capacidade in natura). Mas que bom que TODOS temos a oportunidade de amar. É elástico, basta começar.

2 comentários:

Bela disse...

Morri.

Bibi disse...

Bela? Bela? Morreu? Morreu não! Acorda! hahahhahahhhha