8.3.12

A de Antonia


"O que há de ser de nós?" - Ela ficou se perguntando depois daquela que pareceu ser a enésima despedida. E passou a divagar nas letras de uma carta a ser entregue para selar as circunstâncias:


Será que vamos construir um amor de palavras? Será que na  tensão, vamos trabalhar apenas aquilo que é emoção? Será que nessa construção daquilo que é sonho, vamos desconstruir intenções? Será que nosso desejo vai ficar encapsulado diante das circunstâncias? Será que o meu desejo é o seu desejo enfim?


Quanta loucura cabe numa mesma história? Volto a me perguntar: 'como chegamos até aqui?' E mais: 'onde estamos, afinal?' Exitando-nos apenas? Num gozo sem começo delineado e nem fim reservado? O que eu faço com os pensamentos que me assaltam a calma? Me dominam a alma e lotam meus instintos de puro êxtase? Será que é assim que você se sente? Será que as minhas palavras ganham forma na sua mente, prescrutam seu coração? Será que as minhas mãos percorrem seu corpo em imagens translúcidas? Oníricas? 


O que será que queremos construir? Um romance poético e furtivo? Ou patético e paliativo? Não busco respostas ponderadas e muito menos coerentes, certeiras e imutáveis. Busco a luz do pensamento que aquece e aponta direções. Incoerência passou a ser um pouco a minha palavra assim que me deixei levar pelo que é fantasia. Gosto de te imaginar me imaginando. Despida de pudores. Vestida das mais latentes intenções. Munida de medo e coragem. Guiada pela vontade de satisfazer as intenções mais humanas. Seduzir as amarras que te prendem. Desfazer esses laços, um a um e vê-los caídos ao chão, como as nossas roupas, como os nossos medos, receios, vergonhas, inseguranças, dúvidas.


Não estaremos sendo loucos por insistir em algo assim? Ou não estaremos loucos em deixar isso passar? Estaremos sendo prudentes em alimentar o imponderável? Estaremos sendo coerentes em fugir de uma onda efusiva e contagiante enquanto ainda ha tempo? O que é o tempo? Senão uma contagem numérica que norteia a vida, mas não conta verdadeiramente a intensidade de cada intenção, anseio, repulsa...


E se for apenas uma vez e nunca mais? E se for uma vez para sempre mais? E se eu for embora, agora, e nos deixar pelo caminho com essa tamanha interrogação? Me abraça... Me coloca junto ao seu peito. Não me afasta do querer, mesmo que nos queiramos de longe... e tanto, tanto... Tão lindo esse encanto. Me abraça nesse seu sonho. Beija a minha boca sem pensar. Um beijo não profundo ou entregue, mas nervoso e urgente. O entrelaçar das nossas mãos e o calor do nosso corpo não mentiu nem um segundo durante toda essa anti-jornada.


Te quero.
E só.
Um beijo,
Antonia

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