9.4.12

Ouvi hoje



"Você a si mesma não basta".


Foi um elogio, pode acreditar (porque pode até não parecer). Eu ri, porque às vezes invento motivos para ser além de mim ou ir onde meus braços quase chegam. Na iminência do alcance ou na tensão máxima para o movimento reverso, na inflexão que destenciona os músculos retesos à exaustão.


Há os que merecem banquetes e catam migalhas, esquecidos de si ao sabor dos acontecimentos. Autosabotagem, quem nunca? Sempre ouço na mente que feliz é aquele que não se condena naquilo que aprova. Sentamos no banco dos réus da nossa própria consciência com uma constância maior que a necessária. De fato. De lá saímos, quando saímos, exaustos. Livres ou condenados pouco importa. No fim desse caso, e nesse caso, o processo é o que sempre importa. A sentença se altera ao sabor de nossos humores e condutas. Nesse esquema, o que é réu também é juiz. 



"Você a si mesma não basta".


Invento histórias. E as invento de dentro para fora e de fora para dentro. Inspirando desejo, expirando sensações. Inspirando anseio, expirando confusões.

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